O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, tem sido responsável por muitas prisões de aliados de Bolsonaro, segundo reportagem do Jornal O Globo. No ano passado, o magistrado foi responsável por colocar atrás das grades 23 aliados do ex-presidente, um salto de mais de 50% em comparação com os 15 casos de 2023, no esteio do 8 de Janeiro. Em paralelo, outro recorte das ações que tramitam no STF mostra que a Primeira Turma referendou, de forma unânime, todas as decisões de Moraes em processos que miram bolsonaristas e envolvidos em atos golpistas ao longo de 2024.
No fim do ano passado, a Polícia Federal (PF) indiciou Bolsonaro e mais 39 pessoas por uma série de crimes associados a uma suposta investida golpista após o resultado das eleições em 2022 — o ex-presidente e outros envolvidos negam as acusações. Caso a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente denúncia, a tendência é que ela seja apreciada no segundo semestre pela Primeira Turma, que, além de Moraes, conta com os ministros Cármen Lúcia, Luiz Fux, Flávio Dino e Cristiano Zanin (os dois últimos indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no atual mandato).
O Jornal analisou 272 decisões colegiadas tomadas pela Primeira Turma em 2024, em casos criminais sob a relatoria de Moraes. Todos os resultados foram unânimes, alinhados à posição do ministro. Foram considerados os julgamentos envolvendo o próprio Bolsonaro, aliados (como o ex-deputado Daniel Silveira e a deputada Carla Zambelli), o 8 de Janeiro e outros atos antidemocráticos, como os bloqueios de estrada após as eleições de 2022. Não entraram casos sem relação com Bolsonaro ou a trama golpista. Processos sigilosos também não foram incluídos na conta. O levantamento da atuação da Turma limitou-se a 2024 por ser o único ano com a atual composição, já que Dino tomou posse no STF em fevereiro. Até setembro, Moraes era o presidente do colegiado, responsável por definir a pauta. Desde outubro, Zanin ocupa o posto.
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