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CONSTRUTORA TERCEIRIZADA REFUTA ACUSAÇÕES DE TRABALHO ANÁLOGO À ESCRAVIDÃO EM FÁBRICA DA BYD NA BAHIA

Bruna Carvalho - 26/12/2024 09:00

A Jinjang Construction Brazil Ltda, responsável pelos trabalhadores chineses resgatados em condições de trabalho análogo à escravidão na fábrica da BYD, em Camaçari (BA), afirmou que as acusações são inconsistentes com a realidade.

“Serem injustamente rotulados como ‘escravizados’ fez com que nossos funcionários se sentissem com sua dignidade insultada e seus direitos humanos violados, ferindo seriamente a dignidade do povo chinês. Assinamos uma carta conjunta para expressar nossos verdadeiros sentimentos”, declarou a empresa em uma rede social chinesa.

A publicação foi feita após o resgate de 163 trabalhadores chineses, em operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) motivada por denúncias. Segundo a equipe de auditores fiscais, os trabalhadores foram encontrados em condições degradantes, distribuídos em quatro alojamentos mantidos pela empresa terceirizada.

Os alojamentos apresentavam irregularidades graves, conforme apontado pelo MTE:

  • Camas sem colchões ou com revestimentos inadequados;
  • Falta de armários, com itens pessoais misturados a alimentos;
  • Banheiros insuficientes e precários, com um caso de 31 trabalhadores compartilhando um único banheiro;
  • Refeitórios sem condições mínimas de higiene e banheiros químicos em estado deplorável.

Além disso, foi constatada exposição à radiação solar sem proteção adequada, jornadas exaustivas e acidentes recorrentes relacionados às condições de trabalho. Entre os casos relatados, um trabalhador sofreu um acidente ocular sem acesso a atendimento oftalmológico, enquanto outro teve um acidente provocado por privação de sono.

Os auditores também identificaram situações que configuravam trabalho forçado:

  • Pagamento de caução para contratação;
  • Retenção de 60% do salário, com apenas 40% pagos em moeda chinesa;
  • Passaportes retidos, dificultando a saída ou o retorno ao país de origem;
  • Custos excessivos para rescisão contratual.
  • Jornadas de 10 horas diárias e folgas irregulares agravavam a situação. Muitos trabalhadores descansavam sobre materiais de construção, com restrições de movimento e contratos redigidos de forma confusa ou não formalizados.

Em nota, a BYD informou ter encerrado o contrato com a Jinjang Construction Brazil Ltda. Os 163 trabalhadores resgatados foram realocados em hotéis da região, enquanto a empresa afirma adotar providências para evitar situações semelhantes no futuro.

Foto: Divulgação/MPT

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