A BYD vai começar a operar em Camaçari em março do ano que vem, mas a presença de chineses já é uma realidade. A empresa vai empregar 10 mil pessoas até agosto e serão 20 mil postos quando a unidade estiver em pleno funcionamento.
Reportagem da jornalista Luciana Dyniewicz, do jornal Estado de São Paulo, mostra que os asiáticos já estão por toda a parte na segunda maior cidade da RMS. Segundo ela, os chineses estão mudando o cenário de Camaçari, lembrando que já há alguns bairros famosos por concentrar os cidadãos asiáticos, como o Inocoop.
A partir das 6h, os trabalhadores ocupam as ruas da vizinhança enquanto esperam o transporte que os levam para a fábrica da BYD. O mesmo acontece entre 17h e 18h30, quando retornam da planta. O município já tem uma outra planta chinesa, da Sinoma, que fabrica pás eólicas.
E começam a surgir oportunidades de negócios. A associação comercial local, já destaca que alguns setores começam a perceber um aquecimento econômico, sobretudo o imobiliário e o de alimentação, e que está circulando mais dinheiro na rua.
O setor imobiliário parece ser o primeiro a se beneficiar com a chegada da BYD. Os preços de locação já estão pressionados na região, com o aluguel de casas em condomínio tendo passado de R$ 3,5 mil para R$ 4,5 mil – alta de 28,6%. Em Camaçari, os trabalhadores chineses moram próximos uns aos outros. Donos de imobiliárias dizem que lhes foi pedido casas vizinhas para os executivos em condomínios fechados. Entre os donos de restaurante, também há perspectiva de um 2025 melhor que 2024.
O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial de Camaçari e Região (Sindticcc) calcula que mil operários trabalham hoje nas obras da fábrica de carros elétricos da BYD, sendo 500 deles cidadãos asiáticos. De acordo com a montadora, os chineses foram contratados por empresas terceirizadas por terem “expertise na construção desse tipo de fábrica que tem diversas características únicas de tecnologia”. Mas na obra mesmo, a BYD não informa quantos estrangeiros trabalham na obra.
Há, no entanto, denúncias de que as condições de trabalho de parte dos trabalhadores chineses são precárias e que os operários chineses terceirizados que atuam nas obras da BYD são vítimas de agressões físicas, não trabalham com equipamentos de proteção individual e vivem em alojamentos aglomerados e mal iluminados.
Em nota, a BYD afirmou exigir que as “prestadoras de serviços responsáveis pelas obras atuem na correção com urgência”. “Estamos acompanhando as melhorias de perto e priorizando o bem-estar de todos”.