Saturday, 19 de April de 2025
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FED PODE ENCERRAR CORTE DE JUROS NOS EUA NESTA SEMANA – MAS O MERCADO AINDA NÃO LEVOU A SÉRIO

João Paulo - 16/12/2024 10:40

O Federal Reserve (Fed) poderá fazer seu último corte de juros nos Estados Unidos na reunião desta quarta-feira (18)? Essa possibilidade não pode ser descartada. Os mercados não sinalizaram reação diante dos dados de inflação divulgados na última semana, que mostraram os preços ao consumidor subindo 2,7% em novembro na comparação com o ano anterior – um aumento em relação aos 2,6% de outubro. O S&P 500 avançou 0,8%, e o Nasdaq fechou acima de 20 mil pontos pela primeira vez. Essa reação pode refletir um alívio pelos números estarem apenas dentro do esperado, sem surpresas desagradáveis.

No entanto, os dados confirmam uma tendência preocupante: a queda da inflação estacionou ou, pelo menos, desacelerou. Os preços ao consumidor no núcleo, excluindo alimentação e energia, subiram 3,3% em relação ao ano anterior, mantendo um ritmo semelhante ao dos últimos meses. Merece especial atenção a inflação de serviços, que, excluindo serviços de energia, registrou 4,6% na comparação anual. Isso não parece suficiente para desencorajar o Fed de realizar cortes de juros em sua última reunião de 2024. Até a última quarta-feira (11), os mercados de futuros precificavam 96% de chance desse movimento, segundo a ferramenta CME FedWatch.

Os investidores apostam que a desaceleração gradual na geração de emprego nos últimos meses ainda deixa o Fed confortável para promover algum alívio monetário adicional. Variações mensais em fatores como greves trabalhistas e furacões tornaram os dados um pouco difíceis de interpretar, mas a tendência permanece clara: a média de três meses de ganhos de emprego caiu para 173 mil em novembro, ante 243 mil no início de 2024.

Além de dezembro, o mercado futuro sugere dois ou três cortes adicionais de 0,25 ponto percentual até o final de 2025, atribuindo aproximadamente 30% de probabilidade a cada cenário. Essa expectativa pode ser excessivamente otimista. Apesar da desaceleração, os empregos ainda registram ganhos decentes, e a economia continua aquecida, com o crescimento do PIB real atingindo 2,8% anualizado no terceiro trimestre. Com a inflação dando sinais de estagnação em torno de 3%, acima da meta de 2% do Fed, que razão convincente haveria para continuar cortando os juros?

E isso sem considerar as possíveis políticas da provável administração Trump, como cortes de impostos, uma ofensiva contra a imigração e novos impostos de importação. Ainda é incerto quanto de cada política será implementado e quando, mas parece altamente provável que haverá pelo menos um pouco de cada. E todas essas políticas provavelmente seriam inflacionárias.

Foto:Getty Images/ Chip Somodevilla

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