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PRIMEIRA FEIRA NACIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA ACONTECE NESTA SEXTA E SÁBADO EM SALVADOR

Victoria Isabel - 11/12/2024 15:00

Persianas térmicas feitas com caixas de leite, um protótipo do cérebro para compreender o comportamento humano e um tratamento alternativo para o TDAH à base de erva-de-são-joão. Essas possibilidades podem parecer distantes da nossa imaginação, mas estão próximas da realidade de estudantes brasileiros da Educação Básica, que irão compartilhá-las com os baianos na 1ª Feira Nacional de Iniciação Científica (FENIC). Com entrada gratuita, o evento é uma das principais atrações do I Festival SESI de Ciência, Tecnologia e Inovação, que acontecerá nesta sexta (13) e sábado (14), na Escola Djalma Pessoa, em Piatã.

Assim como o Festival SESI CTI, a FENIC abrirá as portas para que crianças e jovens vejam a ciência como um campo de criatividade e descobertas ao alcance de todos. Durante os dois dias de evento, serão apresentados 120 projetos de pesquisa desenvolvidos por 286 estudantes, do 9º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio e Técnico, que abordam temas diversos em áreas aplicadas das Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens, Matemática e Engenharia.

Organizada pelo Serviço Social da Indústria (SESI Bahia), com consultoria da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), a FENIC recebeu cerca de 400 inscrições, oriundas de mais de 90 cidades brasileiras. Após a primeira avaliação, foram selecionadas 120 pesquisas para exposição, quantidade comportada para o evento. De acordo com o gerente de Educação Científica e Tecnológica do SESI Bahia, Fernando Moutinho, a grande participação de escolas de todo o país nesta primeira edição mostra que há uma demanda por iniciativas como esta.

“A FENIC cria um espaço que conecta estudantes e professores e valoriza os projetos que estão realizando, ao levá-los para além dos muros da escola. Ela tem o potencial de motivar outros estudantes a se tornarem cientistas, pois terão a oportunidade de ver pesquisas desenvolvidas por jovens da mesma idade em áreas de interesse deles. A FENIC trabalha com todas as áreas do conhecimento, quebrando a ideia de que ciência é apenas para Ciências da Natureza e Engenharia, e mostrando que também inclui Linguagens e Ciências Humanas”, destaca Fernando Moutinho.

Ciência do dia a dia – Na sexta-feira (13), as apresentações da FENIC ocorrerão das 9h às 18h, e no sábado (14), das 9h às 15h. Ao visitarem os estandes da feira, os jovens estarão imersos em um ambiente colaborativo e inovador, onde terão a experiência de ver a ciência não apenas como uma disciplina escolar, mas como uma ferramenta para resolver problemas do cotidiano.

Um dos projetos que demonstram essa perspectiva será apresentado por duas estudantes da 3ª série do Ensino Médio da Escola SESI Djalma Pessoa, local que sedia a feira. Rosa Paola e Maria Clara Cruz, de 18 e 17 anos, respectivamente, desenvolveram um medicamento alternativo para o tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) à base de erva-de-são-joão.

Segundo o orientador da pesquisa, o professor de Ciências Biológicas Marcelo Barreto, a motivação surgiu do incômodo das alunas ao notarem a quantidade de colegas com o transtorno que sofrem os efeitos colaterais da Ritalina, principal remédio utilizado no tratamento.

“Elas começaram a estudar a erva-de-são-joão por ser economicamente viável. É uma erva nativa da Mata Atlântica, fácil de encontrar em Salvador, com custo acessível. A intenção é que esse medicamento, algum dia, possa substituir a Ritalina, com menos efeitos colaterais, já que funciona de forma diferente no cérebro”, explica o professor.

Na feira, as jovens cientistas apresentarão a etapa inicial da pesquisa, baseada em testes em células que se comportam como neurônios. Para Rosa e Maria Clara, o projeto, por mais modesto que seja, é um passo importante no desenvolvimento de soluções mais eficazes.

“A pesquisa foi um marco na minha vida acadêmica. Você começa a enxergar as reações químicas, o cérebro e o corpo humano de forma completamente diferente. Não tinha essa visão antes da iniciação científica, e agora estamos vendo tudo na prática”, relata Rosa Paola.

Um Brasil de ideias – Além das pesquisas de estudantes baianos de instituições públicas e privadas da capital e de 43 municípios do interior da Bahia, a FENIC receberá jovens de outros 12 estados brasileiros: Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.

De Biritinga, no interior da Bahia, a professora Luciana Lima e as estudantes Kamille Ribeiro, Leniele Gonçalves e Natiele Mariâne, da 3ª série do ensino médio, percorrerão cerca de 210 km até Salvador para apresentar o projeto Persiana Térmica. As alunas do Colégio Estadual de Biritinga investigaram a eficácia de persianas confeccionadas com caixas de leite longa vida na redução das altas temperaturas nas salas de aula, que causam desconforto tanto para alunos quanto para professores.

“Convidei algumas alunas para pensar em uma solução ecológica, sustentável e financeiramente viável. Elas descobriram o potencial do alumínio presente nas caixas de leite longa vida e decidiram testar sua aplicação como persiana. Os testes foram promissores, e este ano começaram a confeccionar as persianas para instalação na sala de aula”, relata a professora.

Outro destaque da FENIC virá do Centro Educacional 099, em Santa Bárbara d’Oeste (SP). As estudantes Ana Beatriz Carpin, Ana Luiza Fernandes e Mariana Araújo apresentarão um protótipo do cérebro humano, construído e programado com impressora 3D, máquina de corte a laser e microcontrolador Arduino, com o objetivo de facilitar a compreensão do comportamento humano e promover relações sociais mais harmoniosas.

A FENIC é realizada em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Centro Universitário SENAI CIMATEC e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Após as apresentações, os estudantes receberão prêmios para o 1º, 2º e 3º lugar de cada área do conhecimento, além de credenciamento para a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE).

Futuros empreendedores – Nesta primeira edição do Festival SESI de Ciência, Tecnologia e Inovação, a programação relacionada à Iniciação Científica não terminará com a FENIC. Para o público interessado em inovação e empreendedorismo, o evento ainda contará com o Demoday do Programa de Iniciação Científica da Rede SESI Bahia, que apresentará dez projetos de pesquisa com potencial para se transformarem em produtos de mercado.

Os projetos foram selecionados pelo Decola+, um programa lançado neste ano que busca desenvolver conceitos da cultura inovadora nas pesquisas realizadas por estudantes do SESI em fase de conclusão do ensino médio. Estruturado nas 12 Escolas SESI da Bahia, localizadas em cidades como Salvador, Feira de Santana e Candeias, o Programa de Iniciação Científica conta com cerca de 850 estudantes pesquisadores em 2024.

“Existem muitos alunos que saem do programa com um projeto promissor em mãos, e a ideia do Decola+ é potencializar esses projetos para que os estudantes concluam sua trilha científica na escola e saibam qual caminho seguir, caso queiram criar uma startup, por exemplo”, explica o gerente de Educação Científica e Tecnológica do SESI Bahia, Fernando Moutinho.

Aberto ao público, o Demoday acontecerá na sexta-feira (13), das 9h às 12h, com apresentações de projetos desenvolvidos por estudantes do SENAI. No sábado (14), das 9h30 às 11h30, será a vez dos alunos pesquisadores do SESI.

 

Foto: Gilberto Júnior

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