Os imóveis residenciais apresentaram uma valorização de 14,18% em 2024 em Salvador. As informações são do Índice FipeZAP, divulgado pelo DataZAP, e correspondem aos meses de janeiro a outubro. A capital baiana foi a terceira cidade com a maior valorização imobiliária, ficando atrás apenas de Curitiba (15,46%) e João Pessoa (14,57%). Especialistas no setor afirmam que o mercado local vive um momento auspicioso, com crescimento do número de lançamentos e aumento do VGV (valor geral de vendas).
“Os imóveis tiveram uma valorização de 7,22% nos últimos meses, a maior dos últimos 10 anos”, afirma Claudio Cunha, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi Bahia). Segundo ele, isso se deve à credibilidade e confiança do brasileiro no imóvel como uma fonte segura de investimento, o baixo número de estoque no estado e a crescente demanda por imóveis em bairros que possuem infraestrutura, mobilidade e oferta de produtos e serviços.
As mudanças demográficas na capital baiana também têm um papel nesse cenário. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que Salvador teve um crescimento populacional de 6,25% no período de 2022 a 2024 — superior à média nacional de 4,70% no mesmo período —, e parte deste crescimento se deu por mobilidade. “São pessoas economicamente ativas que passaram a ter residência na cidade, cujo apelo turístico se reflete na ampliação de plataformas de imóveis de aluguel por temporada, trazendo uma maior demanda por imóveis na capital”, avalia Jason Morais, economista especialista em mercado imobiliário e coordenador de crédito imobiliário da MRV.
Morais acredita que um recuo na taxa de juros pode manter a tendência de valorização no setor. Ele explica que essa valorização está inversamente relacionada com a taxa Selic, estabelecida pelo Banco Central. “Iniciamos o ano com a Selic estabelecida em 11,25%, com pequenas quedas durante o primeiro semestre. Já na segunda metade do ano, isso se reverteu e temos a mesma taxa de janeiro”.
O especialista também compara o retorno do investimento em imóveis residenciais com base na CDI: de janeiro a setembro, esses imóveis tiveram uma alta de 12,3% contra 5,07% das unidades comerciais. “Se comparamos com o CDI acumulado até setembro, cujo retorno investido foi de 9,96%, ele também foi superior. Ou seja, na média, se você comprou um imóvel residencial no início de 2024 em Salvador, este teve uma valorização superior a compra de um imóvel comercial e a manutenção de seu dinheiro em uma aplicação financeira razoavelmente segura. A isso se pode somar o potencial de ganho aferido por um aluguel”, explica Morais.
Noel Silva, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci Bahia), diz que o mercado imobiliário de Salvador tem atraído, inclusive, investidores de outros estados e estrangeiros. “Ondina, com o retrofit de prédios antigos, tem sido um dos bairros mais atrativos nesse sentido”, afirma ele, que também destaca Piatã, Jaguaribe e Pituba.
“Após a saturação de imóveis pequenos, como studios ou apartamentos de um quarto na Barra, a região de Stella Maris se tornou a mais atrativa para esse tipo de empreendimento. Conheço pessoas que compraram um desses smart imóveis de 26 m² por R$ 200 mil e, três anos depois, revenderam por R$ 500 mil”, conta Silva.
Os bairros com alto adensamento populacional e comércio de rua tendem a ter elevada demanda por aluguel e com isso, alto potencial de valorização imobiliária. Por isso, Mussurunga, Pernambués, Cajazeiras e Itapuã são outros locais destacados pelos especialistas no mercado. “O eixo de ligação entre a Avenida Tancredo Neves e a Paralela, sempre atraem a atenção de investidores, quando surgem oportunidades. Stiep e Patamares estão entre estes bairros”, acrescenta Jason Morais. (A Tarde)
Foto: Xando Pereira/AG A TARDE