A maioria dos afroempreendedores é favorável ao fortalecimento econômico da comunidade negra por meio do Black Money. É o que indica a segunda edição da pesquisa Propósito dos Afroempreendedores Baianos, lançada pelo Sebrae, que revela o perfil do afroempreendedorismo na Bahia. O levantamento aponta que 90% defendem esse caminho.
O dado referente ao Black Money é um dos destaques do novo levantamento. De acordo com analista técnico do Sebrae Bahia, Anderson Teixeira, “Black Money (ou dinheiro negro) é um conceito que vai além do simples ato de consumir de empresas ou profissionais negros; trata-se de um movimento socioeconômico focado em fortalecer a economia da população negra, promovendo a criação, circulação e retenção de riqueza dentro dessa comunidade”.
Ele aponta ainda que, em relação à pesquisa de 2023, a atual apresenta melhora em alguns aspectos. “Nós identificamos que 51% dos afronegócios estão há mais de 5 anos no mercado. No ano anterior o percentual era de 50%. Também checamos que 57% dos afroempreendedores acreditam que a constituição de uma rede de mentores negros poderia impulsionar o crescimento de pequenos negócios na Bahia (56% foi o resultado na primeira edição). Além disso, 48% afirmaram que o PIX é o principal meio de pagamento utilizado no negócio (37% foi o resultado da pesquisa de 2023)”, relata Anderson Teixeira.
Foram ouvidos empreendedores pretos e pardos atendidos pelo Sebrae Bahia, dentre os quais 55% possuem nível superior completo e 40% possuem renda mensal de até R$ 2.824,00 (até dois salários mínimos). Os empreendedores negros frisaram no levantamento que necessitam do apoio do Sebrae em diversas áreas para aprimorar seus negócios, incluindo marketing, finanças, vendas, inovação e rede de relacionamentos.
Os dados revelados servirão como subsídio para a atuação do Sebrae Bahia e de entidades parceiras, visando ao fortalecimento do afroempreendedorismo no estado. A pesquisa aponta que 84% dos negócios estão inseridos no setor de Comércio e Serviços. A sondagem também mostra que Autonomia e Independência (65%), Desenvolvimento Pessoal e Profissional (43%) e Identificação de Oportunidades de Mercado (36%) foram os três principais motivos que levaram os afroempreendedores a empreender.
Novos espaços
Jô Lima começou a empreender na sala da casa da mãe, em Jardim Cruzeiro, em 2007, na periferia de Salvador, após fazer um curso de alongamento de cabelos. Passou por alguns percalços, como pôr fim à primeira sociedade de forma traumática com prejuízo financeiro e perda de clientes. “No início pensei em desistir, mas eu disse a mim mesma que eu ia virar a chave. Eu sabia que a dor do início um dia ia passar”, lembra.
E enfrentou um dilema: apostar na carreira de pedagoga ou mergulhar fundo no universo do empreendedorismo. Preferiu empreender, conquistou em 2023 o terceiro lugar da categoria MEI do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios e se formou em Gestão. Atualmente, é dona do Jô Lima Academy, localizado no bairro Caminho das Árvores. Lá desenvolveu as técnicas Ponto Slim e Slim Hair Adesivado, que se tornaram uma referência no mercado.
E ampliou os horizontes. Junto com a nova sócia, Gabriela Brito, criou o Gestora Extraordinária, treinamento desenvolvido especialmente para ajudar mulheres de periferia (em maioria pretas e pardas) que trabalham com salões de beleza a aprimorarem suas técnicas e a fazerem a gestão do próprio negócio, por meio de cursos, palestras, treinamentos, mentorias e workshops. “Tudo ainda é muito novo para mim e faço questão de ajudar pessoas como eu, minhas irmãs, a crescerem e fazerem dinheiro”, disse Jô Lima sobre o Gestora Extraordinária e o conceito de Black Money.
Foto: Darío G. Neto para ML Comunicação