Se Donald Trump ganhar a eleição, a economia americana vai voltar aos anos 60. Isso porque, a principal proposta econômica de Trump é exatamente igual a proposta da economista Maria da Conceição Tavares, conhecida por suas posições de esquerda, e que foi implantada no Brasil nos anos 60.
Nesse período, baseado na teses da CEPAL – Comissão Econômica Para a América Latina e nos estudos de Conceição Tavares, o Brasil e outros países implantaram um processo de substituição de importações que era, nada mais, nada menos, do que colocar tarifas altas nos produtos importados de outros países o que, teoricamente, estimularia a produção nacional desses produtos.
Pois bem, a proposta de Donald Trump é exatamente essa: impor uma tarifa de 60% sobre produtos importados da China e uma taxa de 10% a 20% sobre todas as outras importações.
Note-se que nos anos 60 essa proposta de contornos cepalinos ainda fazia algum sentido, pois o mundo passava por um momento de mudanças industriais importantes e a ideia era de que o Brasil não se tornasse um mero produtor de matérias primas e montasse sua própria indústria. Apesar disso, os resultados foram ruins e, se no início foi possível implantar um parque industrial expressivo, com o tempo o que se viu foi o estabelecimento de uma reserva de mercado, que estimulou a produção com baixa produtividade e baixos níveis de inovação.
Trump quer fazer a mesma coisa, criar uma reserva de mercado para os produtos americanos, mas não se sabe os efeitos dessa política atualmente. Sabe-se que ela vai redefinir o comércio internacional, desglobalizar o mundo e estabelecer uma guerra comercial entre as duas maiores potências do planeta.
A maioria dos economistas diz que essa política iria gerar inflação, pois seria impossível produzir internamente no curto prazo e colocar produtos no mercado com o preço dos chineses.
Trump diz que tarifa é “a palavra mais bonita do mundo” e que seus planos reconstruíriam a base industrial dos EUA e aumentariam os empregos e a renda, além de gerar impostos. É a mesma ladainha dos cepalinos nos anos 60.
O problema é que, como não haverá tempo para a produção nacional atender o mercado, quem importar produtos nos EUA vai repassar as tarifas para os consumidores e a inflação vai se disseminar.
Por outro lado, a imposição de tarifas levaria os produtos americanos, especialmente os produtos agrícolas, a serem tachados por outros países também. As retaliações iriam mudar drasticamente as cadeias de oferta.
Para completar, a política rígida de imigração tenderia a elevar os salários, pois o trabalhador americano exige salários maiores.
É verdade que o discurso de Trump pode ser apenas para inglês e quando ele tome posse mantenha a mesma política ou aumente as tarifas apenas para alguns produtos chineses, mas, como do candidato republicado pode-se esperar qualquer coisa, os mercados estão em polvorosa e, por isso, a cotação do dólar está caindo no mundo inteiro. (AA – 04/07/2024)