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NO SEU DISCURSO NO BRICS LULA FALA SOBRE MUDANÇA CLIMÁTICA, CRÍTICA ÀS GUERRAS E DEFENDE A TAXAÇÃO DOS ‘SUPER-RICOS’

João Paulo - 23/10/2024 08:59

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quarta-feira (23), por videoconferência, da reunião presidencial da Cúpula do Brics em Kazan, na Rússia. Lula iria presencialmente ao evento, mas teve de cancelar a viagem internacional no último sábado (19), após cair no banheiro do Palácio da Alvorada, bater a nuca e precisar levar cinco pontos no ferimento. O presidente brasileiro fez um discurso curto, de pouco mais de 7 minutos. Foi antecedido pelo presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, e seguido pelo presidente da Etiópia, Taye Atske Seto. A reunião foi coordenada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que está no comando rotativo do bloco. Em 2025, esse comando será ocupado pelo Brasil. No discurso, Lula recorreu a temas frequentes nas suas últimas participações em fóruns internacionais, incluindo:

  • apelos contra a mudança climática;
  • defesa da taxação dos “super-ricos” e do combate à fome;
  • crítica às guerras no Oriente Médio e no Leste da Europa;
  • a democratização do acesso às vacinas e à inteligência artificial;

e a criação de uma “moeda comum” para transações entre países do Brics – que, assim, não precisariam usar o dólar para fazer comércio uns com os outros.

Mudança climática

Lula afirmou que o Brics é um “ator incontornável” para cumprir as metas globais do Acordo de Paris, que incluem limitar a elevação da temperatura média global a, no máximo, 1,5 ºC em relação aos níveis pré-industriais.

ONU: metas do Acordo de Paris já são insuficientes

“Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje. É preciso ir além dos 100 bilhões [de dólares] anuais prometidos e não cumpridos. E fortalecer medidas de monitoramento dos compromissos assumidos”, cobrou.

“Os dados da ciência exprimem um sentido de urgência sem precedentes. O planeta é um só, e seu futuro depende da ação coletiva. Também cabe aos países emergentes fazer sua parte”, disse Lula, lembrando que o Brasil sediará a Cúpula do Clima (COP) de 2025, em Belém (PA).

Taxação dos super-ricos e combate à fome

Lula aproveitou o discurso no Brics para “divulgar” a pauta defendida pelo país à frente do G20 – grupo que reúne as principais economias do planeta. O Brasil, na presidência rotativa do G20, colocou ênfase em temas como a taxação das grandes fortunas mundo afora e a criação de uma “aliança global” para acabar com a fome.

“Quero agradecer o apoio que os membros do grupo têm estendido à presidência brasileira do G20. Seu respaldo foi fundamental para avançar em iniciativas que são fundamentais para a redução das desigualdades, como a taxação dos super-ricos. Nossos países implementaram nas últimas décadas políticas sociais exitosas, que podem servir de exemplo para o resto do mundo.”

“A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza já está em fase avançada de adesões. Convido todos a se somarem à iniciativa que nasceu no G20, mas está aberta a outros participantes”, disse.

Guerras no Oriente Médio e no Leste Europeu

Lula voltou a criticar a resposta militar de Israel aos combater contra o Hamas e o Hezbollah e afirmou que é “crucial” iniciar negociações de paz. Essa necessidade se estende ao conflito entre Rússia e Ucrânia.

“Como disse o presidente Erdogan na Assembleia Geral da ONU, Gaza se tornou o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo. Essa insensatez agora se alastra para Cisjordânia e para o Líbano. Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia”, declarou. Lula ainda informou que a presidência do Brasil no Brics, ao longo de 2025, terá como lema “fortalecer a cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável”.

Foto: Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

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