O Pelourinho se tornou palco de uma vibrante celebração da cultura periférica durante a 4ª edição da Festa de Arte e Literatura Negra Infantojuvenil – Arte e Identidade, realizada no último fim de semana, de 19 a 21 de setembro. O evento atraiu mais de 20 mil pessoas e contou com a participação de 297 profissionais das áreas de cultura e educação, reafirmando a força da arte e da literatura como ferramentas de transformação social
Com uma ampla programação gratuita, que contemplou apresentações artísticas, oficinas, lançamentos de livros, mesas literárias, saraus, performances poéticas e contação de histórias, a festa se consolidou como um importante evento de impacto cultural e educativo, promovendo o engajamento da sociedade em torno da valorização da cultura afro-brasileira.
Entre os destaques da programação, a forte presença estudantil chamou atenção com a participação 54 escolas públicas e particulares, além de associações beneficentes. A Festa Literária Arte e Identidade contou com a presença de importantes vozes da periferia que inspiram as gerações atuais, como MC Marechal, um dos maiores nomes da cena rap brasileira, que participou da conferência de abertura, além de outras personalidades importantes do cenário baiano.
Escrita de resistência – Uma das atividades mais marcantes do evento foi a final do Concurso de Escrita Criativa “Versos de Identidade”, que reuniu uma plateia lotada de estudantes na torcida pelos 10 jovens poetas finalistas, vindos do Ensino Médio de diferentes escolas públicas de Salvador e da Região Metropolitana. Os textos foram inspirados na temática da edição “Vozes da Periferia: Arte e Literatura Florescem Longe dos Centros” e abordaram questões raciais, sociais e de identidade a partir das suas vivências.
Com o poema “Identidade Negra”, recitado com muita criatividade e sensibilidade para expressar a liberdade do povo preto e o desejo de revolução contra o racismo, o estudante Isaac Barbosa, de 16 anos, do Colégio Estadual Desembargador Pedro Ribeiro, localizado no bairro de São Caetano, levou o primeiro lugar na disputa. O estudante buscou referências e inspiração em livros e filmes para escrever o seu primeiro poema sobre a temática racial. “Procurei livros e filmes e lembrei de coisas que eu já tinha assistido, ouvido e sentido para escrever. Esta é a primeira vez que eu participo de um concurso de poesia e eu não esperava ganhar nem estar no pódio. Estou muito feliz”, contou.
O segundo lugar foi para Moisés Francisco da Silva, estudante do Colégio Estadual Professor Edilson Souto Freire, de Dias D’Ávila, única entidade de ensino da Região Metropolitana classificada para o concurso. Com tom forte e cheio de emoção, ele soltou a voz para declamar o poema “Rugindo”. Já o terceiro lugar ficou para o poema “Raízes Urbanas”, de autoria da estudante Ana Beatriz Costa, do Colégio Estadual Edvaldo Brandão Correia, situado no bairro de Cajazeiras.
Após inúmeras atividades durante três dias de celebração da arte e literatura negra infantojuvenil periférica, o evento foi encerrado em grande estilo com uma edição especial do 3º Round, maior circuito de rima improvisada do Norte e Nordeste, reunindo diversos artistas da cena do rap de Salvador para uma criativa e fervorosa disputa.
As atividades aconteceram em espaços tradicionais do Pelourinho que ganharam nomes especiais, como Espaço Juventudes, Espaço Empoderamento, Espaço Infantil Brilho e Espaço Identidade. A festa também contou com o apoio de espaços culturais parceiros como a Biblioteca de Extensão da Fundação Pedro Calmon, Museu da Energia, Casa do Carnaval, Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, Casa do Olodum e o Museu da Enfermagem, que promoveram atividades diversas durante a programação, como visitações guiadas e oficinas.
A 4ª Festa de Arte e Identidade contou com apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.