Setembro é um mês especial para os baianos, marcado pelas homenagens a santos e divindades católicas e do candomblé com o tradicional caruru. Essa manifestação cultural, celebrada anualmente, foi oficialmente reconhecida como patrimônio imaterial da Bahia, título aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC) nesta quinta-feira (19). O registro será publicado no Diário Oficial do Estado em 27 de setembro, dia dedicado a São Cosme e Damião.
Evanice Lopes, vice-presidente da Câmara de Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Natural (CPHAAN), foi a relatora do processo e apresentou parecer favorável à patrimonialização. “Não há dúvidas de que a Festa do Caruru de São Cosme e São Damião é uma das principais e mais antigas manifestações religiosas populares da Bahia, combinando símbolos místicos e elementos do sincretismo religioso baiano como forma de celebrar, agradecer e festejar”, argumentou.
O presidente da Câmara de Patrimônio e autor do processo, Táta Ricardo, celebrou a decisão: “O princípio do patrimônio é o pertencimento; não se aprende na academia, é algo que herdamos”. Ele destacou que o caruru de São Cosme e Damião é uma das maiores manifestações populares de caráter sacro no estado, preservada por famílias, comunidades religiosas e culturais de toda a Bahia.
O caruru, prato feito com quiabo, camarão seco e azeite de dendê, entre outros ingredientes, segue a tradição de ser servido primeiro às crianças, em uma celebração conhecida como “caruru de sete meninos”. Após as crianças, todos os presentes participam da refeição. Segundo a tradição, quem encontrar um quiabo inteiro no prato deve oferecer um caruru no ano seguinte.
Foto: Jonas Santana/Divulgação