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BANCO CENTRAL AMERICANO CORTA OS JUROS EM 0,50 PONTO, PRIMEIRO CORTE EM 4 ANOS

Matheus Souza - 18/09/2024 16:16 - Atualizado 18/09/2024

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do banco central americano (Federal Reserve, o Fed) cortou os juros em 0,50 ponto percentual nesta quarta-feira (18), levando a taxa para a faixa entre 4,75% a 5,00% ao ano.

Os juros estavam no maior nível em 24 anos, o intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano, desde o dia 26 de julho de 2023. As taxas não caíam no país desde o início da pandemia da covid-19, o dia 15 de março de 2020, e a autoridade monetária realizou o maior aperto monetário em 40 anos ao subir os juros de 0,25% em 28 de fevereiro de 2024, para 5,5% em 26 de julho de 2023.

A decisão veio em linha a expectativa da maioria dos investidores nos mercados futuros. Segundo a ferramenta FedWatch, do grupo CME, 61% apostavam em um corte de juros maior, de 0,5 ponto percentual, enquanto 39% acreditavam que o comitê da autoridade monetária optaria por diminuir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual.

No início do ano, analistas chegaram a prever cortes a partir de março em todas as reuniões do Fomc em 2024. Mas a autoridade monetária reverteu expectativas diante de uma inflação persistente no país, além de um mercado de trabalho super aquecido.

Recentemente, indicadores de inflação se mostraram mais controlados, e o mercado de trabalho desacelerou, chegando a levantar temores sobre se o país poderia entrar em uma recessão.

Em seu discurso no simpósio anual Jackson Hole, no fim de agosto, o presidente do Fed, Jerome Powell, apontou que havia chegado a hora de ajustar o rumo dos juros no país, avaliado por especialistas como o sinal mais evidente de que um corte de juros deveria ocorrer na reunião de hoje.

Comunicado

Em seu comunicado após a decisão quase unânime (apenas a diretora Michelle Bowman votou a favor de um corte menor, de 0,25 ponto percentual), o Fomc contextualiza a decisão ao dizer que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir em um ritmo sólido.

Os ganhos de emprego diminuíram, e a taxa de desemprego aumentou, mas permanece baixa. A inflação fez mais progressos em direção ao objetivo de 2% do comitê, mas continua um pouco elevada.

O comitê justificou a decisão apontando que ganhou maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção à meta de 2% e avalia que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estão aproximadamente equilibrados. Ressalta que as perspectivas econômicas são incertas, e está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato.

À luz desse progresso na inflação e do equilíbrio dos riscos, resolveu cortar os juros em 0,5 ponto percentual nesta reunião. Ao considerar ajustes adicionais, aponta que avaliará cuidadosamente os dados recebidos, as perspectivas em evolução e o equilíbrio dos riscos. “O comitê está fortemente comprometido em apoiar o máximo de emprego e em retornar a inflação ao seu objetivo de 2%”.

Projeções econômicas

O Fed divulgou, em conjunto com a decisão, novas projeções econômicas, que mostram o que cada membro do Fomc espera sobre os juros no restante do ano.

Agora, enquanto dois diretores pensam que o corte dos juros deveria se encerrar hoje neste ano, sete diretores acreditam que seja necessário mais um corte de 0,25 ponto percentual, enquanto nove dirigentes acreditam que seja necessário mais um corte de 0,5 ponto percentual até o final do ano.

Houve uma grande mudança em relação á última projeção, em junho, quando oito dirigentes apostavam que os juros encerassem o ano no nível atual, sete esperavam que as taxas ficassem inalteradas no intervalo entre 5,25 e 5,5% e quatro esperavam que houvesse uma alta de 0,25 ponto percentual dos juros.

Em 2025, 12 dirigentes esperam que as taxas fiquem no intervalo entre 3,13% e 3,62% ao ano, enquanto a dispersão aumenta mais a partir de 2026, quando seis diretores apontam que as taxas encerrem o ano entre 2,88% e 3,12%.

Coletiva de Powell

Em coletiva com jornalistas logo após a decisão sobre as taxas, o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, apontou que um corte dessa magnitude deve manter a força do mercado de trabalho.

“Vamos continuar a realizar decisões reunião por reunião, baseados em novos dados. Se a inflação cair mais do que o esperado, assim como o emprego, estamos preparados para combatê-los”.

Questionado sobre o que mudou a opinião do Fed para promover um corte maior desde a última reunião, Powell apontou que os membros do comitê analisaram muitas informações, como o payroll e o Livro Bege. “Achamos que era o melhor para a economia. Não há nada nas projeções que mostre que precisamos ter pressa. Podemos ir mais rápido, se for apropriado, ou mais devagar, se for apropriado”.

Powell acredita que o emprego está em boas condições, e o dever do Fed é manter essa força. “Não achamos que ficamos para trás. É um sinal de que não queremos ficar para trás”. Powell ressalta que o Fed foi bem paciente em relação ao corte de juros, tanto que o promoveu quando outros bancos centrais já haviam iniciado o ciclo, e acredita que essa paciência gerou dividendos.

“Não estamos esperando por uma recessão. Achamos que a hora de sustentar o mercado de trabalho é quando ele ainda está forte”.

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