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GORDOFOBIA: O QUE É PRECISO ENTENDER SOBRE ESTE PRECONCEITO?

João Paulo - 10/09/2024 10:40

Em 10 de setembro é comemorado o Dia de Luta Contra a Gordofobia. A criação da data é uma maneira de chamar a atenção sobre este preconceito que atinge centenas de pessoas com excesso de peso. Estima-se que existam 1 bilhão de obesos, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), e a má notícia é que estes números seguem numa curva crescente. E, junto com os riscos de saúde, associados à obesidade, está a estigmatização deste grupo.

“É um equívoco pensar que esta epidemia mundial traz apenas consequências físicas, considerando que a obesidade é uma doença crônica e pode sim ocasionar um transtorno emocional, quando os obesos se sentem discriminados. É crucial compreender que não é apenas um fator estético ou uma escolha individual, mas uma questão mais ampla, que ultrapassa a boa forma física e envolve a geração de um estigma, muitas vezes imposto dentro da própria casa, pelos familiares, amigos e até no local de trabalho. E todos nós temos responsabilidade de reverter este cenário”, alerta Prof. Dr. Durval Ribas Filho – Médico Nutrólogo, Fellow da Obesity Society FTOS – USA e Presidente da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia).

O especialista sinaliza pontos importantes de atenção. Um caminho para que as pessoas entendam que hoje a gordofobia está na lista de outros preconceitos como os raciais, sociais, étnicos, religiosos e sexuais.

  • Gordofobia traz um olhar negativo e discriminatório em relação às pessoas acima do peso.
  • Pode trazer sérios riscos para seu dia a dia como a exclusão social, restrição de acessibilidade e constrangimento, como nas catracas de ônibus e cintos de segurança nos aviões.
  • Sem conscientização da sociedade, os obesos estão sujeitos a inferiorização, humilhação e até serem ridicularizados.
  • A discriminação é focada no “corpo gordo” induzindo a avaliar que estas pessoas são incapazes e descuidadas por fugirem da estética magra, reconhecida como ideal.
  • A pressão sobre a mulher gorda é maior do que sobre o homem gordo. Fatores de etnia e sexualidade estão presentes na gordofobia.
  • Pessoas magras também tem seus limites e ficam doentes.
  • Frases como “seu rosto é bonitinho, mas…” e “você é fofinha” são formas veladas de discriminar o obeso.
  • Há uma gordofobia internalizada que nada mais é do que o medo das pessoas serem gordas e discriminadas, o que pode levar a transtornos alimentares sérios, principalmente entre os adolescentes.

“A Gordofobia é uma doença social. É verdade que o primeiro passo deve ser dado pelo próprio obeso para cuidar da sua autoestima e saúde. Mas é um processo que precisa de apoio e acolhimento e não de discriminação”, conclui o médico nutrólogo, que escreveu o livro “Obeso Acolhido”, em coautoria com o Dr. Arthur Kaufman. A obra, está em sua segunda edição e traz um retrato da realidade vivida por ele no consultório, há anos, e que confirma sua a percepção de que há um processo de estigmatização, em muitos aspectos, e o obeso não é “abraçado” pela sociedade, como deveria.

 

Imagem de Tania Dimas por Pixabay

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