domingo, 22 de junho de 2025
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LULA QUER UMA MULHER NEGRA PARA SUBSTITUIR SILVIO ALMEIDA

João Paulo - 09/09/2024 10:58

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou a aliados que quer escolher uma mulher negra para comandar o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), no lugar de Silvio Almeida (PT), demitido na semana passada após denúncias de assédio sexual. O Palácio do Planalto também indicou à ministra da Gestão, Esther Dweck, que assumiu interinamente a função, que a troca deverá ser célere.

A favorita para ocupar o cargo é a deputada estadual Macaé Evaristo (PT), de Minas Gerais. Em seu perfil, ela se apresenta como “defensora da educação pública de qualidade e dos direitos sociais”. Lula pretende ter um encontro com ela ainda nesta semana para tomar a decisão. Macaé também é considerada uma boa opção para contemplar o partido de Lula, que atua nos bastidores para continuar à frente do ministério. Ela conta com o apoio da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e da tesoureira, Gleide Andrade, de quem é próxima.

Outra cotada é a professora mineira Nilma Lino Gomes, que já chefiou Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas vista com menos chances no momento. Os nomes de Macaé e Nilma começaram a ser ventilados durante conversas reservadas entre Lula e ministros na última sexta-feira (6). Em comum, elas poderiam ajudar a reforçar a representatividade de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País, na Esplanada. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é o único do Estado.

Nas redes sociais, o deputado Rogério Correia (MG), vice-líder do PT na Câmara, disse estar na torcida por Macaé. “Recebi com muita satisfação a hipótese de termos a minha querida amiga Macaé Evaristo como nossa Ministra da Cidadania e dos Direitos Humanos do governo Lula. Macaé, uma força de luta e de carinho a quem muito admiro, tem as credenciais certas para desempenhar essa importante função. Estou certo de que fará um excelente trabalho, se escolhida pelo presidente”, declarou Correia, que é candidato à prefeitura de Belo Horizonte.

As circunstâncias que levaram à queda do ministro dos Direitos Humanos reforçam ainda mais a tese de ser uma mulher a assumir o comando da pasta. Almeida foi demitido pelo presidente da República por suspeitas de ter cometido assédio sexual.Ele nega as acusações. As denúncias contra Almeida foram encaminhadas à organização Me Too Brasil, que atua em defesa de mulheres vítimas de violência sexual, e reveladas pelo portal “Metrópoles”. A informação também foi confirmada ao Valor pela entidade.

Uma das vítimas de Almeida teria sido a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Em nota, Anielle afirmou que irá “contribuir com as apurações”. Além disso, ela defendeu que não é aceitável “relativizar ou diminuir episódios de violência”. “Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi”, afirmou Anielle, em nota.

Na semana passada, após a demissão de Almeida, Lula nomeou interinamente a ministra da Gestão, Esther Dweck, para o cargo. Pessoas próximas a Dweck afirmam que ela deve fazer uma reunião no MDHC nesta segunda-feira (9) para traçar as ações da pasta nos próximos dias. A ideia, no entanto, é manter toda a equipe e deixar eventuais trocas para o futuro titular. A orientação do Planalto, dizem interlocutores da ministra da Gestão, é que o período de acúmulo das funções “será curto”. Tradicionalmente, o secretário-executivo assume a função de interino. Neste caso, entretanto, Rita de Oliveira, que ocupava o cargo, pediu exoneração em protesto à demissão de Almeida.

Apesar da preferência de Lula por mulheres, algumas alas do próprio governo e da sociedade civil defendem a possibilidade de um homem negro ocupar a função. Um deles seria o secretário de Justiça e Direitos Humanos do governo da Bahia, Felipe Freitas, ligado ao ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. Alguns integrantes de movimentos sociais que compõem o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) apoiam o nome do atual secretário nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (SNDH), Bruno Renato Teixeira.

Edna Jatobá, coordenadora executiva do Gabinete de Assessoria Jurídica Organizações Populares (Gajop), considera que Teixeira é defendido por organizações da sociedade civil porque poderia dar continuidade ao trabalho da pasta com mais “estabilidade”. “A transição brusca nos preocupa. O Bruno já está na rotina do MDHC e conhece a fundo os programas de proteção. É um secretário que cotidianamente está em campo e tem muita afinidade com a pasta. O mais interessante é que ele daria estabilidade ao ministério em uma das maiores crises do governo”, declarou.

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

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