Arte, literatura, identidade e representatividade. Esses são os pilares da Festa Literária Arte e Identidade que, pela quarta vez, traz os holofotes para a literatura negra infantojuvenil em espaços culturais do Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador. Nos próximos dias 19, 20 e 21 de setembro, o encontro está marcado com diversos artistas, educadores e escritores que vão compartilhar suas experiências e enriquecer o debate sobre a periferia enquanto berço de produções artísticas, que transcendem fronteiras e passeiam por questões históricas, sociais e políticas sob diferentes perspectivas.
Entre as presenças confirmadas, uma coisa é certa: o público vai acessar um verdadeiro espetáculo de criatividade, com poesia musicada, informação, diversão e, claro, muita melanina. É destaque da programação, por exemplo, o rapper e ativista brasileiro MC Marechal (RJ), um dos maiores nomes da cena rap brasileira, criador do Projeto Livrar e da Batalha do Conhecimento, que revelou diversos jovens artistas da periferia do Rio de Janeiro. Ao lado dele, deram sua confirmação o 3º Round, maior circuito de rima improvisada do Norte e Nordeste, a grafiteira Ananda Santana, há sete anos dando vida a representações vibrantes e poderosas de mulheres negras, e o escritor, poeta, educador e quadrinista, Anderson Shon.
Ainda estão na grade do evento Dejanira Rainha Melo, professora e idealizadora da Biblioteca Social Afro-Indígena Meninas do Subúrbio, e o grupo de teatro infantojuvenil Bonde da Calu, liderado pela atriz, escritora, produtora cultural e mestre em educação Cássia Valle. Entre os lançamentos literários, estreiam no evento os livros Ayana e o Passeio à Lagoa do Abaeté, da escritora Claudya Costta, e Awon Ona Jagun – Narrativas de Mãe Carmen de Osaguian.
Representatividade negra e periférica – Criado em 2013 e realizado pela Kalifa LXXI, o 3º Round participa da 4ª Festa Literária de Arte e Identidade pelo segundo ano consecutivo, com a promessa de romper estereótipos quando o assunto é representatividade na produção literária. “Durante muito tempo, a literatura e a poesia foram vistas como expressões eruditas, elitizadas e distantes da realidade das pessoas pretas, em grande parte devido à falta de representatividade – algo que permeia quase todos os aspectos de uma sociedade com um passado/presente colonial. Acreditamos que é o momento de destacar o que a periferia sempre produziu, especialmente no campo da arte e cultura, projetando novos futuros e colocando em evidência o protagonismo negro e periférico”, comenta André Costa, mais conhecido como Cosca, idealizador do 3º Round.
Super-herói negro – Seja pelo formato de literatura de rua, muitas vezes não escrita – como é o caso das rimas improvisadas – por livros ou até quadrinhos, os convidados da 4ª Festa Literária Arte e Identidade promovem a democratização do acesso à literatura e à inovação, promovendo sua relevância cultural e social. É o caso do escritor, poeta, educador e quadrinista Anderson Shon, que vai conduzir uma conversa sobre afrofuturismo por um universo onde a poesia se conecta com a prosa e o mundo nerd, sempre com uma pitada de superpoderes e com a mensagem de ‘resistir para existir’. “Acho que é da periferia que sai o que há de mais belo das artes, porque são pessoas que vivem na contradição social de tentarem ser apagadas o tempo todo, mas resistirem”, comenta ele.
Curadoria com foco nas potências negras – Nos bastidores da 4ª edição da Festa de Arte e Literatura Negra Infantojuvenil, um dedicado time de curadoria, formado exclusiva…
(Foto: Beatriz Madeira) | Ananda Santana | Anderson Shon