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BOCA DE BRASA PROPORCIONA VISIBILIDADE PARA JOVENS ARTISTAS DE SALVADOR

Bruna Carvalho - 19/08/2024 17:27

Jovens de diferentes bairros de Salvador estão tendo a oportunidade de realizar o sonho de seguir carreira na área artística e cultural por meio dos Polos Criativos Boca de Brasa. Assim tem sido com Carlos Victor de Jesus, 21 anos; com Odilon Santos Cerqueira, mais conhecido como DICERQUEIRA, 32; Agatha Virgens, 33; e Júlia Reis, de 15. Cada um deles encontrou nas atividades formativas do programa a chance de se dedicar ao que realmente gosta e de obter sucesso profissional e pessoal no ramo com o qual mais se identifica.

Carlos Victor atualmente é produtor cultural e audiovisual, e membro do Conselho Municipal de Política Cultural de Salvador, representando o bairro de Valéria e o Subúrbio. “Eu participei do Boca de Brasa desde 2018, quando eu tinha 16 anos. Eu vi sendo construída esta praça aqui do CEU de Valéria [Centro de Esportes Unificados de Valéria] e agora a gente está tendo a oportunidade de poder levar os nossos trabalhos a um patamar mais profissional”, conta.

Após cursar sonorização e iluminação, gestão cultural e teatro no Boca de Brasa do Subúrbio, Carlos Victor foi diretor e roteirista do documentário “Ecoar Valéria”, lançado em dezembro do ano passado. Exibido no Cine Glauber Rocha, durante o Festival Boca de Brasa, o documentário, disponível no YouTube (https://youtu.be/rjdMTLZPMaM?si=lbcDN9JuS3LqotwR), fala sobre a importância e os impactos que a cultura e os projetos culturais tiveram nas comunidades.

Em julho deste ano, o produtor cultural promoveu a primeira edição do Festival Artes Suburbanas, com o objetivo de mais uma vez dar visibilidade à arte e à cultura desenvolvidas em seu bairro de origem. Para um futuro próximo, o jovem já está buscando parcerias para promover duas oficinas para a qualificação dos jovens da comunidade: uma de audiovisual e a outra de criação e desenvolvimento de projetos.

“Enquanto morador e representante do bairro, eu, que participei do Boca de Brasa como aluno, vi tudo isso sendo construído, vi o quanto era difícil antes adentrar esses espaços. Hoje vejo que são espaços abertos para a gente, para a comunidade, isso é muito importante. São atividades que mostram o nosso talento no teatro, no hip hop, na música, e na dança, em geral. O nosso poder no setor audiovisual também vem expandindo exponencialmente e o meu desejo é que essas oportunidades continuem se aflorando”, afirma.

Música 

Considerado por muitos como um dos nomes da nova cena musical soteropolitana, DICERQUEIRA encontrou no Polo Criativo Boca de Brasa Cidade Baixa um dos incentivos para aprimorar a sua carreira enquanto artista independente. O jovem de 32 anos arrancou a vibração da plateia durante apresentação do Palco Aberto, evento que marcou o ponto alto dos projetos do polo criativo Cidade Baixa no ano passado.

A dedicação à área musical e o apoio que já recebeu tem proporcionado bons frutos ao trabalho que desenvolve. As canções, videoclipes e imagens de DICERQUEIRA estão expostas no Museu Cidade da Música da Bahia desde a inauguração do equipamento. O rapper também já venceu o prêmio de Melhor Intérprete Vocal em um festival de música de uma rádio baiana. No Carnaval deste ano, ele se apresentou no Beco das Cores, na Barra, e no palco Colorindo Salvador, no Dois de Julho, representando a comunidade LGBTQIA+ da qual faz parte.

Agora o músico se prepara para a apresentação que fará no próximo dia 31 no Afrobapho, no Teatro Gregório de Mattos (TGM), no Centro, e também para o lançamento de um single duplo no final deste ano. “Para mim, que sou um artista independente e estou construindo uma carreira, me profissionalizando, entendendo e amadurecendo a minha visão, foi um passo muito importante ter feito parte do Boca de Brasa, principalmente nos módulos finais, que trouxeram as oficinas de direção. Ali eu tive um esclarecimento maior sobre como organizar a direção de um projeto”, revela.

Ele hoje participa do Programa de Aceleração de Iniciativas Culturais e Criativas, segunda frente do Boca de Brasa, com foco no estímulo e no fortalecimento das artes e da cultura nas suas diversas formas de expressão e no fortalecimento de vínculos com os territórios de origem das propostas.

“Do Boca de Brasa nasceu o meu show mais recente, Vermelho Spectro, e também está sendo produzido o lançamento do meu single duplo para o final do ano, possivelmente com um show. Então, o programa me ajudou muito e eu me considero um artista completamente diferente depois de ter passado por esse processo. Foi muito enriquecedor, foi uma troca muito bacana, ter conhecido outros artistas, outras pessoas que trabalham na indústria criativa, no setor cultural da Cidade Baixa, porque é um território que é muito potente culturalmente e que demanda apoio e políticas públicas”, opina.

Teatro 

Há cinco anos, Agatha Virgens dá aulas de teatro na Companhia JAÉ (CIA JAÉ), no Boca de Brasa de Valéria. As aulas voluntárias são direcionadas a crianças, jovens, adultos e pessoas com deficiência e servem de incentivo à ocupação dos espaços públicos pelos próprios moradores para que eles possam demonstrar o talento deles na dança, na música e no letramento racial.

“Hoje eu sou uma diretora de teatro capacitada e estou sendo bastante reconhecida pelo meu trabalho, graças ao CEU de Valéria e ao Boca de Brasa, que vêm nos proporcionando essa ampla visibilidade. Eu venho sempre me qualificando aqui no CEU de Valéria em cursos profissionalizantes, a exemplo de teatro, música, dança, confecção de figurinos, técnica de espetáculo, sonorização e iluminação, entre outros”, destaca.

Agatha reconhece a importância do próprio trabalho como uma ferramenta terapêutica, visto que a CIA de Teatro JAÉ recebe muitas pessoas acompanhadas pelo Centro de Referência da Assistência Social (Cras). “A gente vê que quando eles começam, a participar do teatro, melhoram na leitura, no desenvolvimento como criança, como jovem. Nós temos hoje influenciadores digitais, pessoas que fazem propaganda, então enxergaram essa área não apenas como uma atividade cultural, mas também como forma de trabalho”.

Contemplada com as aulas no grupo às sextas, sábados e domingos no turno matutino, Júlia Reis, de 15 anos, agradece muito a Agatha pela iniciativa e já sonha em seguir carreira no ramo. “Meus pais sempre me disseram que teatro não dá dinheiro e que não tem como seguir essa carreira, mas eu sempre quis, no fundo do meu coração, e hoje me encontro na CIA de Teatro JAÉ. Eu acredito que amanhã ou depois possa estar numa novela ou em algo maior. Eu fico muito feliz com a realização desse curso, pois eu penso que todo mundo merece uma chance, uma oportunidade”, diz.

Foto: Luis Costa/Divulgação

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