Mais de 2 milhões de candidatos vão fazer o Enem dos Concursos no domingo (18). A prova seria em maio, mas foi adiada por causa das enchentes no Rio Grande do Sul. Três meses a mais de estudo. Não dá para desperdiçar. A pedido dos alunos, um curso preparatório em São Paulo abriu turmas de revisão do conteúdo do Enem dos Concursos.
“Esse tempo extra favoreceu esse processo e muitas coisas que ficariam no dia da prova em maio, se fosse aplicado em maio, pendentes, puderam ser preenchidas. Ficou muito favorável para quem é candidato, para quem já estava em uma dinâmica boa de estudos”, diz Viviane Rocha, professora da Central de Concursos.
Para a estudante Ângela Gonçalves, que estuda há mais de um ano, o dia 18 vai ser uma prova de fogo. “Vai ser o primeiro concurso público que eu vou prestar. Então, vai ser uma experiência para mim, chegar na hora lá e perder o medo de estar cara a cara com a prova”, conta. Para a auxiliar administrativa Vânia Lúcia dos Santos Moreno, é a chance de uma vida mais tranquila.
“Eu busco ter estabilidade e ter um conforto para mim, para o meu marido e para minha filha”, diz. Os mais de 2 milhões de inscritos no Enem dos Concursos vão disputar 6.640 vagas em 21 órgãos do governo federal. Mais de 415 mil candidatos se inscreveram por meio das cotas raciais – que determinam 20% das vagas para negros e 30% para indígenas – mas só nas carreiras da Funai. Pessoas com deficiência terão direito a 5% das vagas. Os cargos são de nível médio e superior, com salários de R$ 4 mil a quase R$ 23 mil.
Mais da metade dos inscritos no Concurso Nacional Unificado é mulher. Elas estão tentando ganhar espaço no funcionalismo público federal, que hoje tem mais servidores do que servidoras. Para os especialistas em diversidade no trabalho, diminuir as desigualdades no serviço público pode trazer benefícios para todos.
“Quando você tem o serviço público como reflexo da sociedade, você tem a oportunidade de que o modus operandi de como o serviço público funciona, como as pessoas pensam, como elas decidem, tem uma perspectiva que seja uma fotografia da sociedade que vai receber esse serviço público”, afirma Alessandra Benedito, pesquisadora do Núcleo de Justiça Racial da FGV.
“Todos os dias, eu estou estudando. Todos os dias. Já virei algumas madrugadas aqui porque, para a gente alcançar algo, é preciso muita dedicação”, diz a assistente social Fabiana Aparecida Rodrigues. A assistente social se casou aos 15 anos, foi mãe aos 19 e se formou aos 35. Foi a primeira mulher da família a ter um diploma universitário. Perto dos 50, quer dar mais uma guinada na vida. “Acredito que com essa estabilidade, essa mudança nessa parte financeira, vou conseguir proporcionar para minha família algo bem melhor. Principalmente nos estudos, porque acredito muito na educação”, diz Fabiana Aparecida Rodrigues.
Foto: Foto: Jornal Nacional/ Reprodução