O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, rejeitou nesta quinta-feira a proposta sobre refazer as eleições no país, após os comentários dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Joe Biden, dos Estados Unidos, sobre os resultados contestados do pleito realizado em julho.
Mais de duas semanas após as eleições na Venezuela, Lula disse não reconhecer a vitória de Maduro, proclamada pelo Conselho Nacional Eleitoral no dia seguinte à votação, e que, se tiver “bom senso”, o chavista deve convocar novas eleições. As declarações o brasileiro foram seguidas por um pedido semelhante do presidente colombiano, Gustavo Petro, que sugeriu a realização de “novas eleições livres” ou a formação de uma coalizão entre o governo e a oposição como saídas para a crise.
— Rejeito absolutamente que os Estados Unidos estejam tentando se tornar a autoridade eleitoral da Venezuela — disse Maduro na televisão estatal. — Biden deu uma opinião intervencionista sobre as questões internas da Venezuela. Meia hora depois eles a desmentiram.
Pouco antes das declarações, em audiência pública no Senado, o assessor para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, reiterou que o Brasil não reconhecerá um terceiro mandato de Maduro a partir de janeiro se as atas eleitorais — até agora não divulgadas — não aparecerem.
O posicionamento de Brasil e Colômbia, que ainda tentam mediar a crise venezuelana, colocam pressão sobre Maduro. Por sua vez, a líder opositora, María Corina Machado, classificou a proposta de um novo pleito como “uma falta de respeito” com os venezuelanos.
— A soberania popular deve ser respeitada — disse María Corina em coletiva virtual com a imprensa chilena e argentina. — As eleições aconteceram e a sociedade se manifestou em condições muito adversas onde houve fraude e ainda conseguimos vencer.
Foto: Pedro Rances Mattey / AFP