Impulsionados pela Black Friday, em novembro, e pela injeção do 13° salário na economia, que turbina as vendas do Natal, a perspectiva de negócios do setor do comércio de bens, serviços e turismo na Bahia é de crescimento de 5% entre julho e dezembro de 2024, em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com os indicadores da Fecomércio-BA.
Para Guilherme Dietze, consultor econômico da Fecomércio-BA, as projeções otimistas estão ligadas ao crescimento do número de trabalhadores com carteira assinada no estado. “Houve melhora significativa no emprego – são mais de 70 mil pessoas no mercado formal, na Bahia, com carteira assinada. Isso vai gerar uma consequência positiva no final do ano, com a injeção do 13° salário e confiança também. Com confiança, se a pessoa está empregada, ela acaba tendo mais disposição de gastar e [mais] acesso a crédito”, explica ele, em entrevista ao Portal A Tarde.
“A taxa de desemprego do primeiro trimestre deste ano foi a mais baixa desde 2015. Isso é extremamente importante”, pontua o consultor. “Na verdade, a Bahia tem uma taxa de desemprego que vem caindo, mas ela é muito alta em relação aos demais estados. É a taxa mais alta no Brasil e a mais alta na região Nordeste. É um desafio que se tem na Bahia, mas pelo menos tem caído, o que gera uma consequência positiva. Ou seja, mais gente empregada, com mais renda, e isso tem uma consequência no comércio e nos serviços”, completa.
Dietze faz um contraponto entre o cenário atual e o verificado no fim do ano pasado. “Há uma grande diferença deste momento em relação ao final de 2023. Primeiro, a gente estava com uma taxa de juros bem mais elevada e muitas famílias ainda inadimplentes, ou seja, com contas em atraso”, pontuou.
“A gente teve uma dificuldade muito grande e, mesmo com uma melhoria no mercado de trabalho, a renda não era transportada para o comércio e serviços. Porque era preciso pagar esse crédito feito, essa conta vencida e não paga. Então, houve demora grande da recuperação do varejo, as vendas ficaram praticamente estáveis no ano passado”, analisa Dietze.
Inadimplência
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) aponta que 226,6 mil famílias, em Salvador, entram nesse segundo semestre com dívidas em atraso. Pode parecer alto, mas, em um ano, 66 mil famílias deixaram de fazer parte dessa estatística.
Outro fator importante é que a inflação mais controlada também permite um ganho de renda para a população e tem reflexos no comércio. De acordo com o IBGE, os preços subiram 2,49% até quase o meio deste ano, enquanto no mesmo período do ano passado o percentual havia sido de 3,23%, na Região Metropolitana de Salvador.
“O grupo Alimentação e Bebidas está com estabilidade nos preços. Alguns itens importantes, como carnes e frutas, estão em queda na Região Metropolitana de Salvador e isso traz um alívio no bolso das famílias e aumenta o poder de compra”, destaca o consultor econômico da Fecomércio-BA.
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