Os imóveis da rua Direta de Pituaçu, no bairro de Sussuarana, que foram beneficiados com uma obra de esgotamento sanitário implantada pela Embasa, estão fazendo parte de uma pesquisa liderada por pesquisadores do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA). O estudo, intitulado “Intervenções Sanitárias e Prevenção da Leptospirose Urbana”, avaliará de que forma o acesso ao serviço reduz o risco de contrair leptospirose. A pesquisa dialoga com os princípios de valorização de medidas preventivas para a promoção da saúde, celebrado no Dia Nacional da Saúde, nesta segunda-feira (5).
“Sabemos que o esgotamento sanitário reduz o risco de contrair várias doenças. Com os dados da pesquisa, teremos uma avaliação mais objetiva das condições de saúde das comunidades, principalmente aquelas situadas próximas a corpos hídricos. Além disso, estaremos também contribuindo com o atendimento das políticas públicas do Estado da Bahia e com o Marco Legal do Saneamento, preservando o meio ambiente”, afirma o presidente da Embasa, Leonardo Góes.
Com a expansão da rede na Sussuarana, duas nascentes foram protegidas e já foi possível notar a presença de peixes nelas. Ação semelhante está em andamento em outra localidade carente no bairro de Santo Inácio, em Salvador. Foram investidos R$ 462 mil, com recursos próprios, na implantação de 713 metros de rede coletora de esgoto e ramais domiciliares para eliminar os efluentes sanitários de 63 imóveis do local.
PARCERIA | Pelo convênio, a Embasa seleciona a localidade onde será feita a obra de esgotamento. A partir daí, os pesquisadores do ISC/UFBA, junto com os engenheiros da Embasa, poderão entender, por meio de reuniões com moradores e visitas de campo, como a intervenção reduz o contato humano direto com o esgoto e a carga de patógenos ambientais (organismos que podem produzir doença) na área. A cada seis meses, os pesquisadores coletam amostras biológicas e ambientais. O estudo, coordenado pelos docentes do ISC/UFBA Cleber Cremonese e Federico Costa, será realizado nas comunidades até 2025.
Liderada pelos engenheiros Alessandra Keiko Nakagawa e Ronaldo Quinteiro, a equipe da Embasa se junta às equipes da universidade para fazer o levantamento das condições sanitárias antes e depois da obra. Com os dados da pesquisa, é possível avaliar a melhoria das condições de vida de uma comunidade, principalmente aquelas habitações construídas ao longo de um corpo hídrico.
“A satisfação da comunidade com a Embasa é notória em função do serviço prestado. O local, como muitos em Salvador, em função do tipo de ocupação do solo, traz um grau de dificuldade muito grande para acesso a serviços públicos. Mas, mesmo diante de muitos obstáculos, o resultado foi bastante satisfatório e isso se mostra através da receptividade das pessoas para com toda a equipe que atuou na obra”, destaca Keiko.
O COMEÇO | A pesquisa começou, em 2021, acompanhando cerca de 300 moradores, entre adultos e crianças. “Na primeira etapa, que aconteceu antes da obra da Embasa, concluída em 2022, foram coletadas amostras de sangue para identificar a possível presença de anticorpos que representam contato com a bactéria Leptospira. Aproximadamente 9% das amostras foram positivas, o que chamamos de soroprevalência positiva”, explica o professor Cleber Cremonese.
Ele ressalta outro ponto positivo do projeto, que é a participação de três moradores como agentes da equipe em ações de engajamento comunitário. “São atividades periódicas para realização de educação ambiental e de saúde”, comemora.
Ainda este ano, os pesquisadores farão um comparativo entre os dados que coletarão até o final do ano com aqueles registrados no ano passado, a fim de mensurar o risco de contrair a doença após a implantação da rede de esgotamento na localidade. Além das amostras biológicas, a equipe monitora também a presença e carga da bactéria por meio de amostras de solo e de água recolhidas no local.
LEPTOSPIROSE | A leptospirose é uma infecção aguda, potencialmente grave, causada por uma bactéria do gênero Leptospira, transmitida por animais de diferentes espécies (roedores, suínos, caninos, bovinos) para os seres humanos. O contágio se dá pelo contato direto com a urina dos animais infectados ou pela exposição à água contaminada. Pode ser assintomática ou apresentar febre alta repentina, mal-estar, dor muscular, especialmente na panturrilha, de cabeça e no tórax, olhos vermelhos, tosse, cansaço, calafrios, náuseas, diarreia, desidratação, manchas vermelhas no corpo e meningite.
Créditos: Divulgação UFBA e Embasa.