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CINEMA DE SALVADOR OFERECE CIRCUITO COM FILMES BAIANOS POR R$ 5

Matheus Souza - 10/07/2024 19:50
Além da noite especial

Desde que o Cineclube Glauber Rocha começou suas atividades no ano passado, sempre aos domingos pela manhã, a programação intercalava clássicos do cinema mundial com filmes brasileiros e também baianos. As exibições dos filmes locais, no entanto, possuíam um gosto especial porque geralmente contavam com a presença dos realizadores e o clima das sessões era outro.

Esse foi um incentivo para que os organizadores criassem uma ação voltada exclusivamente para os filmes do Estado. Surge então o Ciclo de Cinema Baiano, que começa hoje à noite e vai se repetir sempre às quartas-feiras, às 19h, com ingressos a preço popular (R$ 5), no Cine Glauber Rocha. A abertura do projeto contará com a exibição de Pinta, longa-metragem de Jorge Alencar, precedido do curta Sensações Contrárias, de Amadeu Alban, Jorge Alencar e Matheus Rocha.

O nome do projeto faz uma referência direta ao Ciclo de Cinema da Bahia que, no final da década de 1950, revolucionou a produção local e foi importante precursor do Cinema Novo, encabeçado por Glauber Rocha. Há também uma piscadela para as Quartas Baianas, projeto semelhante que, há cerca de dez anos, programou filmes baianos na Sala Walter da Silveira.

“Com o incentivo público que tivemos através do edital da Salcine, conseguimos desenvolver essa ação, dentre outras que ainda serão divulgadas, a fim de deixar mais rica a programação semanal do Glauber. É também uma oportunidade de conhecer um pouco da nossa história cinematográfica. Tem muita gente que só viu esses filmes na estreia e outros que vão descobri-los pela primeira vez”, afirmou Marília Hughes, coordenadora e curadora do projeto.

As próximas sessões do Ciclo já estão programadas. Serão exibidos o curta 29 Polegadas e o longa A Coleção Invisível, ambos dirigidos por Bernard Attal; o clássico restaurado Cristais de Sangue (1975), de Luna Alkalay, primeiro longa-metragem filmado na Chapada Diamantina; uma sessão conjunta de A Lendo do Pai Inácio, de Pola Ribeiro, e Porta de Fogo, de Edgard Navarro; Batatinha, O Poeta do Samba, de Marcelo Rabelo, dentre outros.

“Na nossa programação, demos espaço para uma geração de cineastas que vieram da experiência passada com o super-8 e com o cinema experimental, mas que vão realizar seus primeiros longas metragens no início dos anos 2000”, pontuou Hughes. “Priorizamos uma produção pós 3 História da Bahia (2001), que marca a nossa retomada na produção de longas-metragens no Estado, depois de um intervalo muito grande sem filmes. Depois vamos entrar numa geração mais nova, com Estranhos, de Paulo Alcântara, e Tropykaos, de Daniel Lisboa”.

Hughes destaca também a exibição de muitos desses filmes em película. “Uma coisa bacana é o fato do Glauber ter um projetor de 35mm. A gente consegue manter viva essa forma antiga de ver cinema. Alguns desses filmes, inclusive, foram feitos em película, apesar de serem exibidos em outros formatos”, contou.

Além dos já citados filmes de Bernard Attal, Pola Ribeiro e Edgard Navarro, serão exibidos também em película Cascalho, de Tuna Espinheira, e A Cidade das Mulheres, de Lázaro Faria.

O Ciclo de Cinema Baiano, por conta do incentivo da Salcine, deve realizar as sessões semanais pelo período de um ano ao menos. “Tem sido riquíssimo rever esses filmes de modo mais livre, com olhar renovado e com o distanciamento do tempo. É uma forma de entender os desafios de cada época”, arrematou Hughes.

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