As refinarias privadas de petróleo estão considerando recorrer à justiça contra a Petrobras devido à falta de ajuste nos preços da gasolina e do diesel. Evaristo Pinheiro, presidente da Refina Brasil, associação que representa as refinarias privadas no país, argumenta que a estatal, detentora de 80% do mercado de combustíveis, está prejudicando a competitividade dos concorrentes ao manter os preços represados.
“Desde o dia 10 de junho, a nossa querida Petrobras decidiu se descolar dos preços internacionais”, ironiza Pinheiro. De lá para cá, a cotação do petróleo tipo Brent aumentou e o dólar disparou em relação ao real, elevando o custo das importações. “Daqui a pouco, não terá mais sentido produzir combustível no Brasil”, diz Pinheiro, destacando que é incoerente o governo querer conter o déficit fiscal e ao mesmo tempo renunciar aos ganhos que teria com o reajuste de preços nas refinarias da Petrobrás.
No caso da gasolina, já se passaram 257 dias sem mudanças de preço, resultando em uma defasagem de 19% em relação aos preços do Golfo do México, uma referência para os importadores. Quanto ao diesel, o preço está estagnado há 190 dias, com uma diferença de 17%. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) estima que a Petrobras deveria aumentar o preço da gasolina em R$ 0,67 e do diesel em R$ 0,73 para corrigir essas defasagens.
O Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie) calcula defasagens ainda maiores: 25,17% na gasolina e 10,62% no diesel.
Pinheiro ressalta que essa situação é prejudicial para acionistas, para o governo e para o setor como um todo. Ele critica a interferência do governo nos mercados, mencionando que as oscilações econômicas recentes, como os comentários de Lula sobre o Banco Central, têm elevado os custos de importação e prejudicado a Petrobras em um momento em que o governo necessita de receitas. “É um completo absurdo”, conclui.
Ele também alerta que a Petrobras não vende petróleo para as refinarias privadas, exceto para a Acelen, que controla a Refinaria de Mataripe na Bahia e tem um contrato com a estatal. Isso obriga as pequenas refinarias privadas a importarem, o que está se tornando inviável com a valorização do dólar. “Se continuar assim, não fará sentido continuar produzindo derivados no Brasil”, afirma Pinheiro, mencionando que medidas judiciais estão sendo consideradas para resolver a questão.
foto: agência Brasil