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EMPRESAS BRASILEIRAS POSSUEM METAS DE REDUÇÕES DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA ABAIXO DO NECESÁRIO

Hugo Leite - 27/06/2024 16:17

O nível de ambição das empresas brasileiras para reduzir efetivamente as emissões de gases de efeito estufa (GEE) ainda está abaixo do necessário para evitar que o planeta Terra esquente mais do que 1,5°C – temperatura limite estabelecida pelo Acordo de Paris para reduzir os impactos das mudanças climáticas. É o que indica o CDP, maior plataforma global de dados ambientais de empresas, cidades, estados e regiões.

Se forem consideradas as metas de reduções de emissões resultantes diretamente das operações da própria empresa (escopo 1) e emissões provenientes da energia elétrica adquirida para uso da própria companhia (escopo 2), o cenário atingido seria o de 2,2°C.

Somente 68 das 229 empresas de capital aberto avaliadas (30%) têm metas válidas para reduzir as emissões desses escopos, ou seja, avaliadas para reduzir as emissões em linha com o nível de descarbonização necessário para ser consistente com os cenários de aquecimento de 1,5°C. Caso a linha de base e alvos de todas as organizações emissoras de GEE fosse a mesma das empresas de capital aberto, o aumento médio da temperatura global seria de 2,7%.

Quando incluídas as emissões indiretas (escopo 3), o aumento de temperatura seria de 2,7°C, aumento considerável uma vez que essas categorias representam 91% das emissões totais avaliadas. Trata-se de um quadro bastante crítico uma vez que somente 26% (59) das empresas desse escopo contam com metas válidas de redução de emissões.

O nível de compromisso das empresas é bastante díspar. Embora seja possível observar empresas com metas mais ambiciosas e alinhadas às recomendações da ciência, a maioria das empresas avaliadas (70%) apresentam metas de escopo 1 e 2 que as posicionam em trajetórias alinhadas a uma temperatura de default de 3,1°C, que representa o nível provável de aquecimento caso não haja mudanças significativas no atual modelo de negócios.

“Sabemos que a exposição a riscos climáticos representa impactos financeiros significativos nos negócios, um elemento ao qual investidores e stakeholders em geral estão cada vez mais atentos”, pontua Rebeca Lima, diretora executiva do CDP Latin America.

“É interessante notar que, mesmo se tratando de uma amostragem de empresas listadas com padrões qualificados de governança, a projeção do estudo indica um aumento de temperatura acima dos níveis seguros indicados pela ciência. Portanto, é urgente que o setor privado se comprometa com metas mais ambiciosas e maior celeridade nas ações no sentido de promover uma transição para uma economia de baixo carbono”, completa Rebeca.

O setor do varejo foi o que apresentou o melhor desempenho para as emissões diretas, com metas alinhadas a um cenário médio de 1,7ºC. Entretanto, quando incluídas as emissões da cadeia de valores, as emissões de escopo 3, essa temperatura sobe para 2,9ºC. O mesmo pode ser visto para o setor de alimentos, bebidas e agricultura e para o de manufatura, que apresentaram trajetórias médias alinhadas a um cenário de até 2ºC, mas, quando somadas às emissões de escopo 3, a temperatura média sobe para a mesma marca de 2,9ºC.

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