Segundo dados do Sindicato da Indústria de Vestuário do Estado da Bahia (Sindvest), o polo fabril do Condomínio Bahia Têxtil, localizado no bairro do Uruguai, em Salvador, produz anualmente 4 milhões de peças do setor de vestuário. Com 24 empresas instaladas em um espaço de 20 mil m² – equivalente a dois campos de futebol –, o local emprega de forma direta 800 pessoas e gera cerca de quatro mil empregos indiretos, movimentando R$180 milhões por ano na economia do estado.
O incômodo do sindicato é em relação à participação da Bahia no cenário nacional. A última edição da Pesquisa Industrial Anual de Empresas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2021, mostrou que a indústria têxtil foi responsável por 2,1% da renda gerada pelo setor industrial do estado. Naquele ano, a indústria têxtil gerou R$1,5 milhão, enquanto todo o segmento industrial teve renda líquida de R$75,6 milhões.
Com o objetivo de incrementar os resultados, os fabricantes investiram durante dois anos na construção de um centro de lojas, o Bahia Têxtil Center, que será inaugurado nesta sexta-feira (7). No entanto, Hari Hartmann, presidente do Arranjo Produtivo Local de Confecções da Bahia (APL/Confec-BA) e do Sindicato da Indústria de Vestuário do Estado da Bahia (Sindvest), aponta que será preciso uma soma de esforços para elevar a indústria têxtil baiana ao patamar que ela merece.
“Toda vez eu ouço perguntarem por que a Bahia tem menos de 3% da cadeia têxtil nacional enquanto tem a segunda maior produção de algodão para gerar nossa matéria prima e tem o polo petroquímico. Isso não faz sentido. O que eu quero falar é que o polo têxtil é um projeto que deu certo e é uma referência importante de que a gente pode muito mais e [deve] olhar para as oportunidades que existem”, afirma Hari Hartmann.
Ele conta que por falta de atenção ao segmento, até hoje o processo de produção das camisas da sua fábrica, a Polo Salvador, é excessivamente custoso porque há dificuldade em obter fios e maquinário necessários. “Eu compro o fio, que talvez seja até da Bahia, levo para Santa Catarina, fabrico tecido e trago para cá. Essa logística não tem sentido, gera uma incompatibilidade de custos e perdemos competitividade”, lamenta.
De modo geral, a matéria-prima utilizada pelos fabricantes que estão instalados no Condomínio Bahia Têxtil vem de outros estados do país, como Pernambuco, Goiânia e Santa Catarina. Um dos insumos mais utilizados pelo setor, o algodão também vem de outros estados. Isso porque, o fio produzido na Bahia é majoritariamente exportado para outros países, sendo um dos principais compradores o Egito.
Para Hari, o caminho possível para colocar em curso a expansão da indústria têxtil no estado é através da atração de empresas de fiação, tinturaria e tecelagem. Com o polo, a expectativa do presidente do Sindvest é demandar das autoridades governamentais a intermediação dos elos da cadeia têxtil com o intuito de incentivar a autonomia do segmento.
Fernando Pimentel, que é Diretor Superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), aposta que se o projeto de alavancar a indústria têxtil obtiver êxito, é possível que a Bahia consiga atingir maior relevância no setor a nível nacional. “A Bahia, pelo seu tamanho e potencial, poderia chegar a participações parecidas com do Rio de Janeiro, por exemplo, com 5% de participação nacional na medida que tem um desenvolvimento forte e consistente”, diz.
“Não podemos deixar de considerar também que o estado tem uma grande produção de algodão no Oeste baiano, que é um objeto de muita qualidade, um algodão certificado, que poderá também atrair investimentos, se a infraestrutura assim permitir, para as fiações e tecelagens que atendam ao mercado baiano, o mercado nacional e internacional”, conclui.
Condomínio Bahia Têxtil Crédito: Divulgação