A Trezena de Santo Antônio é um dos mais importantes pontos da história religiosa da Bahia. O Jornal Correio conta um pouco dessa história de devoção. A trezena de Santo Antônio ocorre na paróquia do bairro que recebe o nome do santo português, no Carmo, em Salvador. Foi em 1648 que a comunidade de Santo Antônio Além do Carmo se tornou paróquia.
No entanto, a primeira capela em homenagem ao santo foi instaurada no bairro anos antes, em 1594, erguida por Cristóvão de Aguiar Daltro. Segundo o atual pároco da igreja Jailson de Jesus, o templo foi o primeiro atribuído à devoção a Antônio no Brasil. Naquele mesmo ano, os primeiros festejos foram realizados no mês de junho. “A primeira igreja foi construída neste lugar aqui [no Largo de Santo Antônio]. Ela foi reformada e ampliada até chegar à condição atual. A devoção de Santo Antônio veio de Portugal. As famílias já celebravam Santo Antônio. Quando foi construída a primeira igreja, a devoção, então, foi ganhando o contorno mais público”, explica o religioso. Relatos históricos apontam que a igreja primitiva foi reformada pela primeira vez no início do século XVII, quando holandeses invadiram a cidade e ocuparam o templo.
Em 1638, na segunda tentativa holandesa de conquistar Salvador, a igreja é citada como uma fortificação, reformada para constituir um baluarte da defesa da cidade. Embora seja conhecido por muitos como santo casamenteiro, a devoção ao santo é intensificada na cidade no século XVIII, por pessoas que tinham contato com o mar e com atividades comerciais. “Com a construção das igrejas aqui na cidade, especialmente da Igreja de Santo Antônio da Barra ou outros templos que também lembravam Santo Antônio, como a própria igreja de São Francisco de Assis, a tradição aumenta e Antônio passa a ser um santo cultuado por diversas pessoas. Além de ser patrono de causas privadas”, explica o historiador Rafael Dantas.
A relação com os casamentos, na verdade, não é atribuída diretamente à vida de Santo Antônio, mas surgiu porque, dentro do período da trezena, de 1° a 13 de junho, é celebrado o Dia dos Namorados, no dia 12. “Os namorados iam até a Igreja de Santo António e pediam benção de Santo Antônio pelo namoro e para que o relacionamento chegasse a um matrimônio, que o amor fosse confirmado. Daí veio a tradição”, diz padre Jailson. Ao longo dos anos, a devoção tomou conta de todo o estado, sendo passada de geração em geração. É comum, na Bahia, encontrar pinturas, imagens e quadro em homenagem ao santo.
Crédito: Paula Fróes/CORREIO