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CORTE NA SELIC: SINDILOJAS BAHIA E MAIS ENTIDADES PELO BRASIL CRITICAM CORTE DE 0,25%

João Paulo - 09/05/2024 09:00 - Atualizado 09/05/2024

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir em 0,25 ponto percentual a Taxa Selic, juros básicos da economia (Veja aqui), recebeu críticas de políticos e do setor produtivo. Na avaliação deles, a diminuição do ritmo de cortes prejudica a recuperação da economia. Em contato com o portal Bahia Econômica, o presidente do Sindicato dos lojistas do estado da Bahia Paulo Motta, afirmou que a queda em ritmo lento prejudica o crédito no setor.

“A maneira tímida que o banco central tem reduzido a Taxa Selic tem impacto o comércio na questão do crédito. Hoje as taxas oferecidas no país dificultam o crédito que é o maior instrumento de compra do comercio varejista. Os salários da população estão muito distantes da sua capacidade de ter esse enfrentamento desse custo financeiro, então realmente interfere, faz com que os empresários adiem os planos de geração de emprego, de investimento em novas unidades para poder ver a demanda crescer e com isso a roda da economia girar de maneira positiva”, disse.

Também em entrevista ao Portal, Iuri Rocha, assessor de investimentos e sócio da ProInvestors, um escritório credenciado a XP, afirmou que “o comunicado pós-reunião salientou que o cenário global mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e que o mercado de trabalho doméstico tem apresentado maior dinamismo do que o esperado. Olhando adiante, prevemos dois cortes adicionais de 0,25 pp e taxa Selic terminal de 10,00%.

Segundo reportagem da agencia Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão do Copom não reflete o cenário atual de inflação, que está em queda e desacelerou em março. Nesta semana, a CNI tinha pedido que o BC cortasse os juros básicos da economia em 0,5 ponto percentual. “Essa decisão é incompatível com o atual cenário de inflação controlado e torna impraticável continuar o projeto de neoindustrialização do país com altos níveis de taxa de juros. Reduzir o ritmo de corte da taxa básica tira a oportunidade de o Brasil alcançar mais prosperidade econômica, aumento de emprego e de renda”, afirmou em comunicado o presidente da entidade, Ricardo Alban.

Para a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a queda reduzida não está alinhada com o atual cenário econômico do Brasil. Em nota, a Firjan apontou  que o processo de desinflação segue em curso, com a inflação cheia ao consumidor dentro da margem de tolerância da meta, como mostram dados recentes. A nota acrescenta que a manutenção da taxa de juros em níveis elevados “tem afetado a confiança dos empresários na economia brasileira, prejudicando o investimento, essencial para o crescimento econômico sustentável”.

Já a Associação Paulista de Supermercados (Apas) lembra que fatores internacionais, como o atraso na diminuição dos juros nos Estados Unidos, levaram à diminuição da velocidade do corte. A entidade avalia que a medida ajudará a segurar a inflação, mas que pode prejudicar a atividade econômica. “A expectativa da Apas é que essa decisão do Copom produza um efeito tanto no controle inflacionário, mas, por outro lado, tenha um efeito sobre o ritmo de atividade doméstica”, destacou o economista-chefe da entidade, Felipe Queiroz.

A diminuição no ritmo de cortes também recebeu críticas das centrais sindicais. Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a desaceleração da queda da Selic aprofunda a carga pesada de juros sobre o governo e a população. “Como nós sempre denunciamos, os juros extorsivos praticados pelo Banco Central impactam no desenvolvimento do país, sob o argumento de que é preciso controlar a inflação. Mas a inflação segue sob controle, inclusive segue em queda, ainda que lenta”, destacou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira.

Para a Força Sindical, a queda de apenas 0,25 ponto é pequena e insuficiente. Em nota, o presidente da entidade, Miguel Torres, disse que o Banco Central frustra os trabalhadores e se curva aos especuladores, beneficiando os rentistas.“Vale destacar que juros altos sangram o país e inviabilizam o desenvolvimento. O pagamento de juros, por parte do governo, consome e restringe consideravelmente as possibilidades de crescimento do país, bem como os investimentos em educação, saúde e infraestrutura, entre outros”, destacou Torres.

Foto: José Cruz – Agência Brasil

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