Um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), lançado, ontem, mapeou 48 estaleiros brasileiros, constatando que pelo menos seis deles estão desativados e nove estão ativos, porém sem demanda de projetos navais. Entre os ativos, mas sem demanda atualmente, estão os dois maiores do país: Enseada, na Bahia, e o Atlântico Sul (EAS), em Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco. Juntos, os dois estaleiros têm capacidade para processar mais de 200 mil toneladas de aço por ano, o equivalente a 40% da capacidade instalada na indústria naval nacional.
Projetado para construir petroleiros, o EAS chegou a entregar à Petrobras – seu único cliente – quatro navios: João Cândido, em 2010; Zumbi dos Palmares, em 2012; Dragão do Mar, em 2013; e o Portinari, em 2019 – ano em que paralisou suas atividades. Atualmente, o Atlântico Sul atua apenas para reparos navais e na fabricação de carreteis para reposição de cabos marinhos para a exploração de petróleo.
Conforme noticiou o Diario de Pernambuco com exclusividade, em janeiro, o EAS aguarda o anúncio da nova política da indústria naval do governo federal, que promete aportes de R$ 2 bilhões do Fundo da Marinha Mercante (FMM) através de investimentos do BNDES, para voltar a produzir embarcações. Enquanto isso, o empreendimento está reativando os cadastros antigos e planejando a contratação de novos trabalhadores.
A Petrobras participou da produção do levantamento. Segundo o presidente da estatal, Jean Paul Prates, a empresa, sendo a principal operadora petrolífera no país, tem uma responsabilidade como o pilar principal da demanda naval no Brasil. “[A indústria naval] não é uma indústria antiquada, superada. Ela tem ciclos novos, que se renovam. [Além do petróleo] vamos continuar precisando de barcos de apoio para as usinas eólicas offshore, para transporte de passageiros, logística”, disse Prates. “Temos que deixar de colocar esse rótulo de que resgatar essa indústria é coisa antiquada, com cheiro de mofo”.
O mapeamento mostra que cinco estaleiros atendem a projetos da Petrobras. Prates citou como exemplo a produção de módulos das plataformas P78, P80 e P83, na Brasfels, no Rio de Janeiro; da P79, no EBR, no Rio Grande do Sul; e da P82, no Jurong Aracruz, no Espírito Santo.
“Temos expectativas para a construção, em breve, da P84 e da P85. Essas [junto com a P82 e P83] são as maiores já construídas pela Petrobras com [capacidade de produção de] 225 mil barris/dia”, disse Prates.