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PROJETO DE MARTA RODRIGUES QUER CHAPÉUS DE FORMATURA PARA CABELOS AFRO

LUIZA SANTOS - 02/05/2024 14:40

A vereadora Marta Rodrigues (PT) apresentou um projeto de lei (80/20224) na Câmara de Salvador que obriga a prefeitura a disponibilizar ‘capelos’ – chapéus utilizados por estudantes em formaturas – para cabelos afro, cacheados, crespos e volumosos nas solenidades de colação de grau da rede municipal de ensino.

De acordo com a vereadora, a proposta tem o objetivo de promover inclusão, de colaborar no combate ao racismo e de empoderar, na primeira capital mais negra fora de África, os estudantes da rede municipal que tem cabelos afro e que não se sentem representados pelo acessório tradicional, por não conseguirem encaixa-los na cabeça durante um evento importante de suas vidas.

““Essa é uma realidade do universo estudantil, de todos os graus, e também acadêmico. Estes acessórios são fabricados em larga escala num modelo padrão que não contempla a maioria populacional da nossa cidade e do país, que é negra. Os capelos tem simbologia para os estudantes, fazem parte de um rito de passagem. É constrangedor saber que muita gente fica com este acessório na mão, em um momento importante da vida, porque não foi pensado par ela”, comenta a petista.

Marta também lembra que Salvador é a capital com maior população negra fora da África, somando 83,2% de indivíduos que se autodeclaram pretos ou pardos, de acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022. “Espaços de poder e de produção do conhecimento, para todas as gerações, precisam passar por alterações para não reproduzir o racismo estrutural. Apesar da política de cotas ter ampliado o acesso de pessoas negras às universidades, esses espaços permanecem valorizando a padronização da estética branca eurocêntrica. A identidade do povo negro e sua estética são invisibilizados”, disse.

Paras Marta, se vive uma nova quadra na história com o acesso à educação garantido no país. “No passado, a maioria que se formava nas escolas era branca, pois os negros evadiam. Muitos também passaram pelo procedimento de alisamento para se encaixarem no padrão exigido pelo racismo estrutural. Hoje a população negra está nas escolas. O poder público precisa ter compromisso com o empoderamento da maioria populacional no nosso país e este processo começa na escola”, disse.

Foto: Divulgação / PT

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