Detectores de pontos eletrônicos, exame grafológico e monitoramento feito pelas mesmas centrais de inteligência usadas na Copa do Mundo e Olimpíadas: essas são algumas das medidas que fazem parte do megaesquema para coibir fraudes no Concurso Público Nacional Unificado (CNU). Marcada para este domingo (5), a prova que ficou conhecida como “Enem dos concursos” atraiu 2,1 milhões de inscritos, um recorde para concursos públicos, segundo o governo.
Pela primeira vez, uma seleção reúne mais de 6 mil vagas para 21 diferentes órgãos federais, com exames aplicados em todo o Brasil. E o desafio da segurança para um evento tão grande, envolve, prioritariamente, impedir fraudes. “Nosso objetivo é não deixar que aconteça qualquer coisa que possa gerar o cancelamento do concurso. A gente sabe que uma situação de fraude é grave”, afirma Alexandre Retamal, coordenador-geral de logística do CNU.
Para colocar todos os cuidados em prática, o evento contará com uma força-tarefa formada por mais de 250 mil agentes, incluindo integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. Eles serão coordenados pela Secretária Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça. Corporações estaduais, como Polícia Civil e Militar, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil também irão atuar, segundo o coordenador-geral.
“Fizemos um trabalho de adaptação e aprimoramento no formato do Enem e todos os exames de larga escala aplicados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira)”, completa Retamal. Uma diferença em relação ao Exame Nacional do Ensino Médio é que os candidatos do concurso não poderão sair com o caderno de provas e nem com anotações. Outra é que as verificações de segurança terão de ser feitas duas vezes num mesmo dia: o “Enem dos concursos” divide as provas em dois períodos, manhã e tarde.
Os desdobramentos do concurso serão monitorados nos Centros Integrados de Comando e Controle (CICC), coordenados por corporações nacionais, mas que possuem sedes em diversos estados. Esses núcleos foram criados para a Copa Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 e funcionam cruzando informações para monitorar o evento passo a passo. A sede será o Centro Nacional de Comando e Controle de Brasília , onde autoridades de segurança e da gestão do concurso estarão reunidas. “A gente tem a visão em tempo real do que está acontecendo (…) e uma área de inteligência que vai atuar junto com os órgão ligados ao Ministério da Justiça para inibir situações de fraude e crimes que possam prejudicar os candidatos inscritos”, conta Retamal.
Diferente do exame para os estudantes do ensino médio, onde ocorre apenas a checagem dos documentos e o lacre de equipamentos eletrônicos, o concurso unificado terá a coleta de digitais e exigirá que os candidatos escrevam uma frase para garantir que não haja a substituição entre eles. É o tal exame grafológico. Funciona assim: quando os estudantes receberem as provas nas salas de aplicação, irão preencher o cartão de resposta com seus dados, assinar e escrever a frase. Nesse momento, um aplicador da prova circulará pela sala para coletar a digital, que também ficará registrada no próprio cartão de resposta.
Candidato não pode levar a prova
A decisão de que, no “Enem dos concursos”, os candidatos não poderão levar as provas quando terminarem o teste e sair com anotações foi tomada porque uma das principais fontes de fraudes das organizações criminosas nesse tipo de prova é o uso de pontos eletrônicos durante a aplicação.
Segundo o Ministério da Gestão e Inovação, “candidatos” pertencentes às quadrilhas terminam as provas mais cedo e levam os cadernos de provas. As questões são resolvidas por integrantes do bando e enviadas por áudios, por meio de pontos eletrônicos, para quem ainda está nas salas respondendo às provas.
Como medida complementar, os locais de prova também contarão com detectores de metais e de ponto eletrônico. No dia da avaliação, cada sala terá candidatos de um único bloco temático. Vale lembrar que o concurso é composto por oito blocos temáticos diferentes. Dessa forma, possíveis danos ocasionados por fraudes se concentrariam em um único bloco, explica Retamal: “Estamos vendo ainda a possibilidade de fazer com que cada estabelecimento (escola) seja voltado a um bloco só”.
Programação da prova
Manhã
Tarde
Cronograma
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