No início deste mês, tive o prazer de conversar com amigos e leitores sobre meus livros no Caramurê – Café, Arte e Livros. Foi um momento especial, por três motivos: o local, a música e a conversa com os amigos. Caramurê é uma editora conhecida que publica os autores baianos, mas o editor Fernando Oberlaender e sua esposa Marzia, criaram também uma original mistura de café, restaurante e livraria que fica em frente ao mar da Baía de Todos os Santos e permite aos mortais bebericar um vinho ou uma cerveja gelada mirando o forte do Mar e o mar da Bahia.
Caramurê é uma corruptela ou uma outra forma de se referir a Kirimurê, como os tupinambás, povos originários desta cidade sagrada, chamavam a Baía de Todos os Santos. Os tupinambás não nominavam à toa, Kirimurê significa grande mar interior e é a 2ª maior baía do mundo, menor apenas do que a Baía de Bengala, na Ásia. Tão extasiado fiquei, ao sentar-me em frente aquele mar, que por um momento pensei ter visto Maria Bethânia saindo das águas, cantando e homenageando a grande baía: “Kirimurê linda varanda/ De águas salgadas mansas/ Que mergulham dentro de mim.”
O local era lindo e havia música. Intercalando a conversa, ouvia-se a voz e o violão do cantor e compositor Roberval Santos a solfejar obras primas como “A Insensatez” de Tom e Vinicius e “Contrato de Separação” de Dominguinhos e Anastácia.
E estavam lá amigos e leitores. E, como Kirimurê é dada a encontros e confrarias, não foi coincidência a presença do amigo e colunista de A Tarde Lourenço Muller, criador de um grupo de Whatsapp que eu participo e adoro, que tem o mesmo nome indígena da baía e reúne todos os cavalheiros e sereias interessados em louvar e preservar o mar da cidade da Bahia.
Pois bem, foi com beleza, música e amigos que falei um pouco dos meus livros. Do romance Luiza Mahin que conta os amores e a luta da heroína baiana, mãe do poeta Luiz Gama, que, junto com mais de 600 negros vestidos com abadás e barretes brancos, tomou por um dia a cidade do Salvador tendo como objetivo pôr fim à escravidão; do romance “O Evangelho Segundo Maria” que conta aquela que é a mais bela história de todos os tempos e que encanta a humanidade há mais de dois mil anos –, não sob a perspectiva misógina de sempre, mas com o olhar feminino que muda inteiramente a saga que todos já conhecem; e do meu último livro “Os 7 Vocábulos” no qual a casa onde moro e o cão que nela vive, de nome Dost, se unem em uma conspiração para matar meu editor.
E foi tão agradável o encontro que aceitei um novo convite de Fernando Oberlaender para participar, agora em dueto com meu amigo e escritor Fernando Vita, de uma noite de autógrafos no stand da Editora Caramurê na Bienal do Livro 2024, no Centro de Convenções de Salvador. Fica então o convite a meus leitores e amigos e a todos aqueles que gostam de literatura.
Publicado no jornal A Tarde em 19/04/2024