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DENGUE: 145 MIL DOSES DE VACINA VENCEM NO FINAL DE ABRIL E NÃO HÁ ‘PLANO B’ CASO PROCURA NÃO AUMENTE

João Paulo - 15/04/2024 06:59 - Atualizado 15/04/2024

O governo tem até o final do mês para utilizar cerca de 145 mil vacinas da dengue em seis estados. As vacinas integram um lote de 668 mil doses compradas pelo Ministério da Saúde com vencimento marcado para o dia 30 de abril. O imunizante é destinado a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, público-alvo do governo federal, pois concentra a maior proporção de internação pela doença.

Para evitar a perda dessas vacinas, a ministra Nísia Trindade anunciou no final de março a redistribuição das doses não usadas para outros municípios em nove estados, dentro das próprias unidades da federação, mas a adesão não tem dado conta da quantidade de imunizantes disponível.

No Amapá, por exemplo, das 22.376 doses prestes a vencer recebidas no início do mês, cerca de mil foram aplicadas conforme dados preliminares da Secretaria de Saúde. O estado recebeu imunizantes do Distrito Federal e de Mato Grosso do Sul por características próprias dessas duas unidades da federação.

Além do Amapá, outros oito estados participaram da redistribuição de doses que vencem em abril. Goiás, que tem 77,4 mil doses a serem aplicadas; Bahia, com 15,3 mil doses remanejadas e que ainda precisam ser aplicadas; São Paulo, 11,6 mil doses pendentes; Amazonas, com cerca de 13 mil em estoque; e a Paraíba, com 6,1 mil aplicações por fazer.

Os estados do Acre, Maranhão e Rio Grande do Norte não informaram o número de doses que devem ser usadas neste mês. O ministério aposta que conseguirá aplicar todas a tempo e não tem um plano B para contornar um possível desperdício. Segundo a pasta, 31.650 doses foram aplicadas na primeira semana do mês. Os dados da segunda semana ainda não foram fechados.

Em março, foram 449.725 aplicações; e em fevereiro, mês que abriu a campanha, 227.272. O ritmo, na avaliação da secretária nacional de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, é positivo. — Não tivemos nenhum indicativo por parte de estados e municípios de possível perda — disse. A secretária argumenta que há um atraso no registro das doses aplicadas nos municípios — o delay faz com que o número divulgado de aplicações não reflita com precisão o real avanço da campanha de vacinação.

A pasta também não trabalha com a possibilidade de fazer uma “xepa” de doses para pessoas fora da faixa etária atual, pois vai contra o que foi planejado pela comissão técnica para a campanha e a sugestão da Organização Mundial de Saúde (OMS) acatada pelo ministério. Essa faixa etária foi escolhida por concentrar, depois dos idosos, as maiores taxas de hospitalização por dengue nos últimos 5 anos no país. Além disso, em entrevista ao lado do presidente Lula na última semana, a ministra descartou ampliar a vacinação para outros públicos neste ano.

Ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde (entre 2011 e 2019), a epidemiologista Carla Domingues avalia que o governo precisa intensificar a vacinação contra a doença nas escolas para que não haja perdas. — Precisamos de um mecanismo mais forte de mobilização. Estamos falando de uma população de 10 a 14 anos, a melhor estratégia é vacinar nas escolas. Isso precisa ser colocado como prioridade do Ministério da Saúde — afirma.

Foto: Guito Moreto

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