Diante das investigações em torno do contrato de industrialização sob encomenda (“tolling”) de fertilizantes nitrogenados firmado com a Petrobras em dezembro do ano passado, a Unigel se manifestou publicamente pela primeira vez sobre as manifestações de técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) afirmando que os contrato de industrialização sob encomenda (“tolling”) de fertilizantes nitrogenados firmado com a Petrobras em dezembro do ano passado, em relação às fábricas de fertilizantes da Bahia e de Sergipe, arrendada em 2020.
Em nota, a Unigel nega “quaisquer irregularidades” e defendeu o acordo, como uma solução temporária que preservaria postos de trabalho e garantiria a continuidade do suprimento de fertilizantes ao mercado brasileiro. No mês de março, já com o acordo sendo questionado, a Unigel voltou a suspender as operações nas fábricas de fertilizantes (fafens), em Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE), e demitiu quase 300 funcionários. O contrato possibilitaria a retomada temporária das operações.
A Unigel, que está em recuperação extrajudicial, afirma que o contrato “não representa nenhum benefício de natureza econômico-financeira, já que seu resultado não é relevante e não está considerado em seu plano de reestruturação financeira”. O acordo tem vigência de 240 dias e prevê que a Petrobras pagará R$ 759,2 milhões à Unigel pela prestação de serviços de industrialização, armazenagem, expedição e pós-venda de ureia, amônia e Arla (usado para reduzir emissões de veículos a diesel).
A Petrobras conduziu uma auditoria interna e concluiu que não houve falha de governança no processo de análise do acordo.
A Unigel diz ainda que se forem cumpridas as condições precedentes no acordo, e desde que não haja impedimento pelo TCU, a operação das fábricas da Bahia e Sergipe poderá ser retomada, ainda em caráter temporário. E que a retomada definitiva da produção de fertilizantes vai depender da contratação do gás natural, principal matéria-prima no processo produtivo, “a preços viáveis”.
“Trata-se de um esforço conjunto para preservar postos de trabalho e continuar fornecendo fertilizantes nitrogenados ao mercado, enquanto se busca solução estruturante para o mercado brasileiro de gás que assegure maior competitividade e sustentabilidade da indústria nacional”, diz a nota.
Conforme a Unigel, o ciclo de baixa da petroquímica global, o pior em décadas, levou a companhia a apurar prejuízos vultosos desde 2023, quando ainda estava em curso as negociações com a Petrobras em torno de uma solução temporária para estancar as perdas decorrentes da forte desvalorização da ureia no mercado internacional sem redução equivalente nos preços do gás natural.