O número de médicos que atuam na Bahia cresceu 74% em 13 anos, atingindo a marca de 29.611. São 2,09 profissionais a cada mil habitantes. Em 2011, eram 17.014 médicos. Os dados são da pesquisa Demografia Médica, divulgada pelo Conselho Federal de Medicina, na segunda-feira (8). A proporção de 2,09 médicos a cada mil baianos é inferior à média nacional, que é de 2,81. O número de profissionais cresceu 8,2% entre 2023 e 2024 na Bahia. Segundo a última divulgação da pesquisa, eram 27.362 profissionais no ano passado.
O crescimento exponencial de formados é resultado da maior oferta de cursos particulares no estado. O assunto é motivo de desavença entre universidades e os conselhos médicos. Em outubro do ano passado, o Governo Federal definiu a quantidade de vagas de medicina que podem ser abertas em todo o país. A Bahia aparece em primeiro lugar, com 900, à frente de São Paulo, que tem 780. Em 2018, a abertura de novas faculdades de medicina foi congelada por cinco anos no Brasil.
Para Otávio Marambaia, presidente do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), a maior oferta não significa melhor qualidade dos profissionais. “Esse número [de médicos] é fora de qualquer razoabilidade e é resultado da abertura indiscriminada de novos cursos de medicina, com perdas sensíveis de qualidade e qualificação dos médicos”, analisa o presidente do Cremeb.
Já a Associação Baiana de Mantenedoras do Ensino Superior (Abames), que representa os cursos privados, defende a ampliação da oferta. “Todas as vezes que uma determinada profissão se sente ameaçada pela concorrência, tem uma tendência natural de construir resistências. Nenhum curso de medicina é aberto sem que haja uma visita rigorosa do Ministério da Educação, que faz uma avaliação in loco das condições essenciais para que o curso opere”, afirma Carlos Joel Pereira, presidente da Abames.
A Bahia possui 29 cursos de medicina, sendo 18 deles em faculdades privadas. Enquanto as públicas oferecem, juntas, 694 vagas, as particulares disponibilizam 2.424. Quando o Governo Federal autorizou a abertura de novos cursos, no ano passado, estabeleceu uma série de critérios às faculdades. Entre as condições estão a exigência de contrapartida ao Sistema Único de Saúde (SUS) e a existência de compromisso do gestor local de saúde em oferecer à instituição estrutura de serviço necessário. As medidas não foram suficientes para conter as críticas ao aumento de vagas.
No cenário nacional, o número de médicos também nunca foi tão grande como agora. O ‘boom’ de novos profissionais é, inclusive, maior do que o crescimento populacional dos últimos anos. Desde o início da década de 1990, o número de profissionais brasileiros quadruplicou, chegando a 575.930 mil. Enquanto isso, a população cresceu 42%. Mesmo com o avanço, o país ainda não atingiu a marca de 3,5 médicos a cada mil habitantes, considerada ideal pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), que incluiu 35 países. O Conselho Federal de Medicina (CFM) prevê que o Brasil tenha 3,63 médicos/mil habitantes até 2028.
Crédito: Rovena Rosa/Agência Brasil