O clima é de tensão nos bastidores ministeriais do Governo Lula. Os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Rui Costa (Casa Civil) estão disputando por uma definição dos valores dos dividendos extraordinários da Petrobras, que devem ser liberados para pagamento nos próximos dias.
Enquanto Haddad deseja a liberação de 100% dos dividendos extraordinários, R$ 43,9 bilhões, dos quais a União recebe cerca de 30% (ou R$ 13,7 bilhões, caso o pagamento seja total), Rui afirma que o ideal seria pagar apenas 50% dos recursos que sobraram no caixa após a apuração do lucro e da distribuição do dividendo normal. De acordo com o site OGlobo, desde a última semana auxiliares dos ministros tem se reunido.
Os recursos foram retidos no início de março por decisão do conselho da empresa e pelos votos de conselheiros ligados ao governo. Inicialmente, a diretoria da estatal defendia o pagamento de 50% do total, no entanto, após reuniões com ministros e conselheiros, o presidente Lula determinou que 100% do dividendo extraordinário ficasse no fundo reserva. A decisão incomodou o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, que desobedeceu a ordem do petista e se absteve na votação do conselho.
Na última quarta-feira (3), os ministros resolveram aceitar a proposta de Haddad e autorizar a liberação de 100% do dividendo, com o argumento de que o Tesouro precisa de recursos extraordinários e não carimbados para poder cumprir a meta fiscal desse trimestre, devido aos maus números do último trimestre.
No entanto, para Rui Costa, é preciso encontrar uma outra solução, para que a decisão não seja vita com maus olhos, como uma movimentação negativa de Lula, envolvendo interesses do mercado financeiro. Para Haddad, o valor é um recurso mais fácil de se obter no contexto atual, sobretudo por não ter destino pré determinado para a aplicação.
Vale lembrar que o prazo para mudar a distribuição dos dividendos é no dia 19 de abril.
Foto: Reprodução/Twitter/@costa_rui