Em 2023, o Brasil registrou um total de 35,3 milhões de operações de Pix de um centavo, conforme dados do Banco Central, marcando uma diminuição de 10,7 milhões em comparação com o ano anterior, quando foram contabilizadas 24,6 milhões de transações.
Essa modalidade de envio de pequenos valores tem sido adotada principalmente por jovens brasileiros como forma de comunicação. O Pix de um centavo é utilizado para transmitir mensagens, aproveitando o campo de descrição da transferência para enviar recados.
Karolayne Costa, 25 anos, compartilhou sua experiência com o jornal Folha de São Paulo, revelando que utilizou Pix de R$ 0,01, além de valores ainda menores, para tentar estabelecer contato com seu ex-namorado, que a havia bloqueado nas redes sociais. Ela relata que, embora tenha sido uma tentativa de comunicação eficaz em algumas situações, nem sempre obteve sucesso. Em certa ocasião, após bloquear um outro pretendente, recebeu um Pix solicitando que o desbloqueasse, ao qual respondeu com uma mensagem antes de devolver o valor.
Apesar da aparente praticidade desse método de comunicação, especialistas alertam para os riscos associados, uma vez que os usuários acabam compartilhando dados bancários e informações sensíveis.
O professor de finanças Ricardo Rocha ressalta que não há garantia de sigilo nesse tipo de transação, pois os bancos têm acesso às informações. Ele observa que, à medida que os jovens amadurecem, tendem a adotar abordagens mais cautelosas em suas transações Pix.
O crescente uso do Pix como ferramenta de comunicação levanta preocupações quanto à privacidade e à segurança dos dados bancários dos usuários, especialmente em um cenário onde vazamentos de informações sensíveis têm sido reportados, como o recente caso de vazamento de dados cadastrais de 46 mil chaves Pix, comunicado pelo Banco Central.
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