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TÉCNICA INOVADORA UTILIZA PELE E GORDURA DO ABDÔMEN PARA RECONSTRUÇÃO DA MAMA PÓS TRATAMENTO ONCOLÓGICO

João Paulo - 14/03/2024 14:20

A técnica de enfermagem Ednalva Souza da Silva (44) estava insatisfeita com sua aparência física após o tratamento do câncer de mama, já que precisou passar pela remoção cirúrgica de ambos os seios (mastectomia bilateral). A técnica cirúrgica escolhida foi a DIEP (Deep Inferior Epigastric Perforator), procedimento de reconstrução mamária que utiliza tecido adiposo e pele retirados do abdômen para reconstruir a mama. A recuperação foi rápida e o resultado superou a expectativa da paciente. “Fiquei muito feliz, pois além de reconstruir minhas mamas, ainda ‘ganhei’ uma abdominoplastia, que retirou as gordurinhas que muito me incomodavam na região da barriga”, contou.

O tipo de reconstrução mamária DIEP escolhido por Ednalva é reconhecido por seus diferenciais significativos quando comparado a outras formas de reconstrução após mastectomia. Ao contrário de outras técnicas, o DIEP preserva os músculos abdominais, minimizando complicações e oferecendo uma recuperação mais rápida e menos dolorosa para as pacientes. Por permitir uma reconstrução natural, com contorno e textura semelhantes à mama original, a procura pelo DIEP tem crescido no Brasil e na Bahia não é diferente.

Segundo o mastologista e cirurgião oncoplástico Leonardo Pires Novais Dias, o aumento da procura pelo procedimento é notável. A reduzida probabilidade de complicações pós-operatórias, como hérnias ou enfraquecimento muscular, mais comuns em outras técnicas de reconstrução que envolvem sacrifício muscular, entre outros benefícios, explicam o aumento. “A preservação dos músculos abdominais promove uma recuperação mais rápida, permitindo que as pacientes retornem às suas atividades cotidianas com maior brevidade. Além disso, como o tecido utilizado na reconstrução é do próprio corpo da paciente, não há risco de rejeição, proporcionando resultados duradouros”, explicou.

O diagnóstico de câncer de mama é uma realidade dura enfrentada por inúmeras mulheres globalmente. A mastectomia, muitas vezes necessária, representa grandes desafios físicos e emocionais, impactando profundamente na qualidade de vida e na autoestima. Isso porque a retirada do seio, geralmente, representa uma lacuna na feminilidade e na identidade pessoal. Neste contexto, outro diferencial do DIEP chama a atenção das mulheres: os resultados estéticos satisfatórios, já que, por utilizar gordura e pele da paciente, a técnica permite que o contorno e a textura sejam semelhantes aos da mama original. “Com isso, torna-se mais fácil atingir o objetivo que vai além de restaurar a forma da mama, que é a recuperação da autoestima e da autoconfiança da mulher após o trauma emocional da mastectomia”, destacou Leonardo Dias.

Ainda segundo o Mestre em Reconstrução Mamária, o retalho DIEP é a técnica mais avançada e sofisticada para reconstrução mamária pós-mastectomia atualmente. A maioria das pacientes pode optar pelo método, adotado nos principais centros hospitalares ao redor do mundo. “Como suas características físicas de cor, espessura e textura são ideais para criar uma nova mama, o DIEP aparece na vanguarda da cirurgia reconstrutiva mamária, mas é claro que a escolha da técnica de reconstrução depende das características específicas da doença e de cada paciente”, explicou o especialista, que atualmente coordena o serviço de Mastologia da Rede MaterDei Salvador e é preceptor da Residência em Mastologia do Hospital da Mulher. Quando várias opções são viáveis, paciente e cirurgião decidem juntos, após considerarem as limitações, vantagens e riscos de cada uma.

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