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PRESENÇA DE CRIANÇA EM CASA REDUZ EM QUASE 20% A PROPORÇÃO DE MULHERES QUE TÊM UM TRABALHO REMUNERADO, NA BAHIA

João Paulo - 08/03/2024 10:57

Na Bahia, em 2022, as mulheres seguiam dedicando pouco mais que o dobro de horas semanais do que os homens aos afazeres domésticos e/ou cuidados com pessoas. Em média, elas despendiam 23,1 horas por semana nessas atividades, frente a 10,9 horas dos homens – uma desigualdade (mais 12,1 horas) que era a 4a maior entre os estados e superava a verificada no Brasil como um todo.

Nacionalmente, as mulheres dedicavam, em média, 21,3 horas semanais a afazeres domésticos e/ou cuidados com pessoas, frente a 11,7 horas dos homens (9,6 horas a mais para elas). Com desigualdades maiores que a Bahia, estavam Sergipe (+13,5 horas para as mulheres), Rio Grande do Norte (+12,9 h) e Alagoas (+12,3 h). Esse indicador praticamente não mudou ao longo da sua série histórica na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE, iniciada em 2016.

Não havia diferença importante entre mulheres e homens de cor branca, por um lado (+12,0 h/semana para elas), e mulheres e homens de cor preta ou parda, por outro (+12,2 h/semana para elas). Ainda assim, as mulheres pretas ou pardas eram as que dedicavam mais tempo aos afazeres domésticos e atividades de cuidado: 23,2 horas semanais, 0,6 hora a mais, em média, do que as mulheres brancas (22,6 horas).

Essa desigualdade por cor ou raça na Bahia era a 9a menor entre os estados. No Brasil como um todo, as mulheres pretas ou pardas dedicavam 1,6 hora a mais por semana do que as brancas a afazeres e/ou cuidados (22,0 e 20,4, respectivamente). Entretanto, na Bahia, a diferença por cor ou raça entre as mulheres, no tempo dedicado aos afazeres domésticos e/ou cuidados, aparecia de forma significativa quando ambas tinham um trabalho remunerado, ou seja, estavam ocupadas.

Nesse caso, tanto brancas quanto pretas ou pardas dispensavam um pouco menos de tempo aos cuidados com a casa e/ou pessoas, mas a diferença aumentava e se tornava a 2a maior entre os estados. As mulheres brancas ocupadas, na Bahia, gastavam 17,0 horas semanais em afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas, enquanto as mulheres pretas ou pardas ocupadas gastavam 19,5 horas por semana, ou seja, 2,5 horas a mais do que as brancas.

Essa diferença só era maior no Piauí, onde as mulheres pretas ou pardas ocupadas dedicavam a afazeres e/ou cuidados 2,6 horas semanais a mais do que a brancas ocupadas (20,1 h x 17,5 h). No Brasil como um todo, se ambas trabalhavam, a desigualdade por cor ou raça era menor: as pretas ou pardas dedicavam 1,4 hora a mais do que as brancas (18,5 x 17,1 h), por semana, aos afazeres e/ou cuidados.

A maior dedicação às atividades de cuidados e/ou afazeres acaba por restringir uma participação feminina mais ampla no mercado de trabalho. O nível de ocupação das mulheres adultas, ou seja, a proporção de mulheres de 25 a 54 anos de idade que têm um trabalho remunerado, é um indicador diretamente afetado pela atividade de cuidados de crianças nos domicílios.

Na Bahia, em 2022, as mulheres que moravam em domicílios nos quais havia ao menos uma criança de até 6 anos tinham quase 20% menos chances de estar num trabalho remunerado do que as mulheres sem criança em casa. No estado, o nível da ocupação, ou seja, a proporção de pessoas que tinham trabalho remunerado (estavam ocupadas), era de 53,3% para as mulheres em geral; aumentava para 56,8% entre as mulheres que moravam em domicílios onde não havia nenhuma criança de até 6 anos; e caía para bem menos da metade (45,7%) das mulheres que tinham ao menos uma criança de até 6 anos em casa.

A diferença (-11,1 pontos percentuais) fazia o nível da ocupação das mulheres baianas com criança em casa ficar 19,5% menor do que o das mulheres que não tinham criança em casa. Essa desigualdade era a 4a mais expressiva entre os estados. No Brasil como um todo, em 2022, o nível da ocupação para mulheres em domicílios com crianças de até 6 anos de idade (56,6%) era 9,6 pontos percentuais menor do que para mulheres que residiam em domicílios sem crianças (66,2% trabalhavam de forma remunerada), o que dava uma diferença de 14,5% entre os dois indicadores.

Acima da Bahia, com as maiores desigualdades em termos percentuais, estavam Amapá (o nível de ocupação das mulheres com criança era 24,6% menor do que o de mulheres sem criança), Minas Gerais (-20,8%) e Alagoas (-19,8%). Esse indicador foi elaborado para os estados pela primeira vez, nesta terceira edição das Estatísticas de Gênero. Ele mostra, entre outros, a importância das creches, escolas e redes de apoio, para que mulheres com crianças pequenas em casa possam ter uma oportunidade mais igualitária de participação no mercado de trabalho remunerado, o que é fundamental para sua autonomia financeira e econômica.

No Brasil como um todo e em todos os estados, considerando qualquer variável (cor/ raça, idade etc.), em todos os anos da série histórica, o nível da ocupação feminino é sempre menor do que o masculino. Além disso, inversamente ao que ocorre com as mulheres, entre os homens, a chance de trabalhar fora é maior quando eles moram em domicílios onde existe ao menos uma criança de até 6 anos. Na Bahia, em geral, 79,6% dos homens de 25 a 54 anos de idade trabalhavam de forma remunerada em 2022. Essa proporção aumentava para 84,9% entre aqueles que moravam num domicílio onde havia criança de até 6 anos e caía para 77,6% entre os que não tinham criança no domicílio.

Foto: Prefeitura de Goiânia

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