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NA GUIANA, LULA DIZ QUE É NECESSÁRIO TRABALHAR PARA MANTER ‘ZONA DE PAZ’ NA AMÉRICA DO SUL

João Paulo - 29/02/2024 14:58

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (29) que é necessário que os países da América do Sul trabalhem “intensamente” para manter a região como uma “zona de paz”. Ele acrescentou que as nações do continente não precisam de guerra. Lula deu a declaração durante pronunciamento à imprensa em Georgetown, capital da Guiana, após reunião com o presidente do país, Irfaan Ali.

“A nossa integração com a Guiana faz parte da estratégia do Brasil de ajudar não apenas no desenvolvimento, mas trabalhar intensamente para que a gente mantenha a América do Sul como uma zona de paz no planeta terra. Nós não precisamos de guerra. Guerra traz destruição de infraestrutura, de vidas, e traz sofrimento. A paz traz prosperidade, educação, geração de emprego e tranquilidade aos seres humanos”, afirmou Lula.

Recentemente, houve uma escalada de tensão entre Venezuela e Guiana, com a realização pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de um plebiscito sobre a anexação de Essequibo – território da Guiana rico em recursos naturais, como petróleo. Lula, que é um tradicional aliado de Maduro, não mencionou no pronunciamento a disputa por Essequibo.

O petista afirmou apenas que nesta sexta-feira (1º) participará da reunião da cúpula Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em São Vicente e Granadina, na qual e que agradecerá ao primeiro-ministro do país, Ralph Gonsales, por “coordenar as conversas entre Venezuela e Guiana”.

“Espero que a gente tenha uma reunião da Celac produtiva, harmoniosa, e que todos nós saiamos de lá falando em paz, em prosperidade, em alegria, em amor e não em ódio”, disse o petista. A cúpula da Celac contará com a participação de Nicolás Maduro, com quem Lula também terá uma reunião bilateral nesta sexta-feira.

No discurso desta quinta, Lula também citou outros conflitos ao redor do mundo, e disse que o Brasil defende a paz e o diálogo em todos eles. “Todo mundo sabe que o Brasil é contra a guerra na Ucrânia, todo mundo sabe que o Brasil é contra o que está acontecendo na Faixa de Gaza. Da mesma forma que fomos contra ao ato terrorista do Hamas e todo mundo sabe que o Brasil não tem e não quer contencioso qualquer país do mundo”, disse.

Em declaração conjunta emitida após uma reunião trilateral nesta quinta, Brasil Guiana e Suriname “reafirmaram o compromisso de trabalhar permanentemente para a manutenção da América Latina e do Caribe como uma Zona de Paz e de cooperação para o desenvolvimento sustentável”. Acompanhado de ministros, Lula viajou à Guiana para participar da 46ª Reunião Regular da Conferência dos Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (Caricom). Lula tem reunião com presidente da Guiana sobre disputas com Venezuela.

No pronunciamento, Lula também afirmou que houve um “apagão” na relação do Brasil com países da América do Sul após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ele defendeu a integração do continente, com parcerias nas áreas de infraestrutura, desenvolvimento sustentável, energética e de alimentos. Sob a chefia de Simone Tebet, o Ministério do Planejamento elaborou um plano de integração do Brasil com países fronteiriços da América do Sul, que está sendo chamado de Rotas da Integração Sul-Americana.

O programa inclui 124 iniciativas, divididas em cinco eixos, que conectam o território de 12 países da América do Sul com 11 estados brasileiros: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Santa Catarina. Um dos eixos abrange os estados de Amapá e Roraima, partes do território do Amazonas e do Pará, em articulação com a Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela.

Uma das ideias nesse eixo prevê investimentos no Porto de Santana, no estado do Amapá, que pode ser transformado no “Porto das Guianas”. Segundo o Ministério do Planejamento e Orçamento, tanto a Guiana como a Guiana Francesa querem que o porto também seja utilizado pelos seus países para receber embarcações que chegam da Europa. Com isso, o Porto de Santana poderia se tornar um “hub” do norte do continente sul-americano.

Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

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