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AREZZO E GRUPO SOMA ACERTAM FUSÃO CRIAM GIGANTE DO VARELO

João Paulo - 05/02/2024 10:40

A fabricante e varejista de calçados Arezzo&Co e o Grupo Soma, de varejo de moda, decidiram se unir em uma nova empresa. O controle da companhia será da Arezzo, que terá 54% do capital, enquanto o Soma fica com 46%. Os novos sócios estão reunidos neste domingo (4) para acertar os detalhes do negócio, que será anunciado oficialmente em breve, possivelmente nesta segunda-feira (5).

Ambas as empresas já tinham divulgado um comunicado ao mercado no último dia 31, informando sobre as negociações para a fusão. Na ocasião, disseram que o atual CEO da Arezzo, Alexandre Birman, será o presidente da nova empresa, que terá Roberto Jatahy, atual presidente do Soma, como principal executivo da unidade de vestuário feminino. Essas definições se mantiveram na reunião deste domingo. A reportagem apurou ainda que Rony Meisler, ex-presidente do grupo Reserva, adquirido pela Arezzo em outubro de 2020, será o presidente da unidade de vestuário masculino.

No momento, segundo uma pessoa que acompanha a negociação, que falou em condição de anonimato, a discussão gira em torno da composição do conselho. Existe a proposta de formação com sete membros: três de cada uma das empresas —além do presidente, um nome indicado pelas duas companhias. Hoje a Arezzo tem nove membros no conselho e, o Soma, oito. Em ambos os boards, o presidente do conselho é um membro independente, não vinculado às companhias.

Arezzo e Soma juntas teriam um faturamento estimado em R$ 12 bilhões, conforme projeção feita pelo banco BTG, o que as colocaria à frente da Renner, atual líder do setor, que fatura R$ 11,7 bilhões ao ano (o balanço do 4º trimestre das empresas de capital aberto ainda não foi divulgado). Em 2022, Arezzo e Soma registraram juntas R$ 9,1 bilhões de receita líquida.

As companhias indicaram nos últimos dias que a transação tem potencial para gerar R$ 4,5 bilhões em sinergias, boa parte disso na possibilidade de “venda casada” entre as marcas –lojas Farm com calçados da Arezzo, por exemplo. Juntas as empresas teriam mais de 30 marcas, a maior parte delas destinada ao mercado premium. Apenas Hering, hoje sob o guarda-chuva da Soma, seria a marca mais popular do grupo.

Mas há também expectativa de redução de custos em despesas gerais e administrativas, nas áreas de recursos humanos e tecnologia. De acordo com estimativas do banco Safra, essa redução giraria em torno de R$ 200 milhões ao ano. O anúncio da fusão chega em um momento delicado para as gigantes da moda no Brasil. O avanço das varejistas asiáticas, especialmente da Shein, colocou o mundo da moda em suspenso, na tentativa de avançar com o uso de inteligência artificial e redução de estoques a fim de reduzir custos e ganhar em eficiência.

O ritmo de lançamento de peças da varejista online asiática é frenético: cerca de 2.000 produtos novos por dia. A Shein já fatura mais de R$ 10 bilhões no país, de acordo com estimativas do BTG (ultrapassando, portanto, redes já consolidadas como Marisa e C&A), e é a dona do aplicativo de moda mais baixado do país em 2023: foram 53 milhões de downloads, segundo a ferramenta de pesquisas de mercado AppMagic.

Em 2024, a companhia deve abrir o capital nos Estados Unidos. O valor de mercado estimado da Shein está em US$ 100 bilhões (R$ 485,4 bilhões). No ano passado, a multinacional fechou um compromisso com o governo brasileiro para investir R$ 750 milhões dentro de três anos no país, com a contratação de 2.000 fábricas locais.

Reprodução / Agência Brasil

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