O Mercosul e a União Europeia (UE) negociam, desde 1999, um acordo para reduzir ou zerar as tarifas de importação e exportação entre os dois blocos, que, agora, corre o risco de não ser implementado, tirando o potencial de mercado para os produtos agrícolas brasileiros.
As duas partes finalizaram a primeira etapa do tratado em 2019. Dessa rodada, saiu um texto que vem passando por revisões e exigências adicionais, principalmente por parte da União Europeia, que está sendo pressionada por agricultores do bloco.
Nas últimas semanas, inclusive, produtores rurais da França, Alemanha, Itália, Bélgica, Polônia, Romênia e Lituânia saíram às ruas para protestar contra as importações de produtos mais baratos e aumento dos custos agrícolas.Uma das manifestações mais emblemáticas aconteceu na França, na segunda-feira (29), com agricultores bloqueando as principais rodovias de Paris com caminhões e tratores.
No mesmo dia, o presidente da França, Emmanuel Macron, pediu à Comissão Europeia que desista do tratado com o Mercosul. Em dezembro do ano passado, ele já tinha se posicionado contra o acordo, ao chamá-lo de “antiquado” e “mal remendado”.
Para o analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, o Brasil perderia, neste contexto, a possibilidade de diversificar os seus parceiros comerciais e reduzir a sua dependência da China, que importa a maior parte (36%) dos nossos produtos agrícolas.
Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) a resposta não é tão simples: os produtores rurais consideram o texto inicial do acordo muito bom para o agronegócio brasileiro por prever a redução e/ou isenção de muitas mercadorias. Porém, três anos depois da 1ª versão do tratado, a UE implementou uma lei que barra a importação de produtos de áreas desmatadas. O problema dessa legislação, para a CNA, é que ela não conversa com as regras do Código Florestal do Brasil, o que tende a travar o comércio entre os dois blocos.
Foto: TV TEM/Reprodução