É evidente que os casos de ansiedade e depressão aumentaram após a pandemia da Covid-19, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), no primeiro ano da pandemia a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou cerca de 25%. No Brasil, até julho de 2023 os dados apontavam que 26,8% dos brasileiros receberam diagnóstico de ansiedade e, com isso, a demanda de procura por atendimento psiquiátrico no CAPS (centro de atenção psicossocial) só cresceu.
O Caps, é uma unidade de saúde mental especializada no tratamento e reinserção social de pessoas com transtornos graves e persistentes. Os Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental são serviços compostos por médico psiquiatra, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, enfermeiro e outros profissionais que atuam no tratamento de pacientes que apresentam transtornos mentais.
Os planos terapêuticos desenvolvidos nos CAPS vão além dos acompanhamentos com o psiquiatra e o uso de medicações. Também contemplam outros recursos como: terapia grupal, atividades coletivas e práticas integrativas complementares que auxiliam no tratamento. No entanto, o fato da pandemia ter tido como forma de enfrentamento inicial a suspensão das atividades coletivas para cumprir o isolamento e distanciamento social, impactou diretamente no processo terapêutico daqueles que já estavam em tratamento.
De acordo com o coordenador geral do Fórum Pensar Saúde, Marcos Sampaio, após visita a algumas unidades dos CAPS de Salvador as queixas são as mesmas: falta de profissionais para atendimento, falta de medicamentos, necessidade de manutenção da estrutura física, e a principal queixa é a demora no retorno do atendimento. “É inadmissível um paciente que toma medicação continua não conseguir marcar um retorno em tempo hábil, atualmente no CAPS II Aristides Novis o retorno não acontece em menos de 60 dias, falta oficineiro e 1 psiquiatra, já no ambulatório faltam 3 psiquiatras. Atualmente só há 1 profissional que acaba sendo sobrecarregado para atender a demanda de cerca de 200 pessoas”.
Essa demora no atendimento pode levar a um risco de aumento nos casos de surtos da população que já está sendo acompanhada assim como daqueles que não possuem diagnósticos específicos. O que demanda ainda mais atenção para necessidade de ampliação de acompanhamento da demanda de saúde mental dessa população. Tendo em vista que tem sido cada vez mais presente casos, que inclusive repercutem na própria imprensa, de pessoas em sofrimento psíquico.
Há relatos de paciente que não encontram medicamentos como Depakene (estabilizador de humor, cuja prescrição costuma ser feita para alguns casos de transtornos mentais), além do uso de outras medicações que auxiliam no controle do sono. “O prefeito, Bruno Reis, precisa tomar medidas de urgência para sanar esses problemas. Essa população não pode sofrer ainda mais. É preciso ainda, rever as formas de contratação desses funcionários que em sua grande maioria é realizada através de PJ, o que não gera vínculo e nem estabilidade”, declara Marcos Sampaio.
O coordenador geral do Fórum Pensar Saúde afirma ainda que, o prefeito de Salvador não pode continuar omisso com a situação da saúde mental em nossa cidade, e cogita a possibilidade de procurar o Ministério Público da Bahia para que haja melhor exposição sobre a situação. Em Salvador existem, atualmente, cerca de 1 CAPS I, 11 CAPS II, 1 CAPS AD, 2 CAPS i, 1 Unidade de Acolhimento Infanto-Juvenil e 5 Serviços de Residência Terapêutica Tipo 2. Essas unidades estão distribuídas entre os distritos sanitários da Barra/Rio Vermelho, Centro Histórico, Boca do Rio, Brotas, Cabula/Beiru, Itapagipe, Itapuã, Liberdade, Pau da Lima, São Caetano/Valéria e Subúrbio Ferroviário.
Entenda como são divididos os CAPS:
Alguns deles incluem atendimento às pessoas relacionadas ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida.
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