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PF CITA EMAIL E DIZ QUE SOFTWARE ESPIÃO DA ABIN TENTOU INVADIR REDE DE TELEFONIA

João Paulo - 05/01/2024 13:20 - Atualizado 05/01/2024

Um dos elementos utilizados pela Polícia Federal para indicar a ilegalidade no uso do software espião pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) é um email sobre a suposta tentativa de invasão da rede da operadora Tim. Procurada, a operadora de telefonia disse que não vai comentar o assunto. Centro da investigação da PF que deu origem à Operação Última Milha, que prendeu oficiais e fez buscas contra servidores da Abin, o FirstMile, diz a PF, invadia a rede de telefonia brasileira para rastrear a localização do celular de qualquer pessoa a partir dos dados enviados para torres de telecomunicação.

A suspeita dos investigadores é de que a ferramenta tenha sido usada de forma indevida durante a gestão do hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL) para espionar desafetos políticos de Bolsonaro. Entre os alvos, a PF cita professores, advogados, políticos e jornalistas. Ao invadir a rede de telefonia, dizem os investigadores, era dispensada, na prática, a necessidade de autorização da Justiça para obter as informações sobre a localização dos aparelhos. Em um email de janeiro de 2020 localizado pela PF, uma funcionária da empresa Cognyte —antiga Suntech/Grupo Verint—, responsável pela venda da ferramenta à Abin, afirma que estava “pesquisando e testando novos métodos para acessar” a rede da Tim porque havia sido barrada pela operadora.

A PF afirma que desde o início a Abin sabia do caráter invasivo do software e de sua capacidade de invadir a rede de telefonia nacional. Para os investigadores, já na proposta comercial, a empresa Suntech (atual Cognyte) informou o uso pela ferramenta de “estrutura de telefonia no exterior (SS7) para simular chamadas em roaming, inclusive valendo-se de envios de SMS Spoofing, resultando na manipulação dos sinais da rede de telefonia”. SMS Spoofing é um termo utilizado para designar mensagens enviadas mediante um golpe em que o número remetente é “falsificado”, de modo a persuadir a pessoa a acessar os conteúdos.

Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

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