A Acelen Renováveis vai investir US$ 2,5 bilhões, cerca de R$ 12 bilhões, na próxima década para viabilizar a construção e operação de uma biorrefinaria a ser montada ao lado da Refinaria de Mataripe. O foco principal será produzir, a partir da macaúba, diesel renovável e combustíveis renováveis para aviação, conhecido pela sigla SAF (Combustível Sustentável de Aviação, em inglês). E isso na Bahia. A macaúba produz de cinco a sete vezes mais óleo vegetal por hectare do que a soja e será plantada em terras degradadas na Bahia e Norte de Minas.
A Fundação Getulio Vargas estimou que o projeto terá um efeito multiplicador, e vai movimentar mais de R$ 80 bilhões e criar mais 90 mil empregos diretos e indiretos. As informações foram dadas por Luiz de Mendonça, CEO da Acelen, para o jornal Estado de São Paulo. Segundo ele, o projeto da biorefinaria está fase final de detalhamento da engenharia, e em seis meses, será tomada a decisão de construção da fábrica. Ela pode ficar pronta em 24 meses a partir daí. A fábrica começa a operar na segunda metade de 2026 sendo alimentada por óleos vegetais tradicionais, o óleo de soja, que vai ser comprada do Sul do Brasil e da Argentina. Essa é a primeira fase, até que se possa usar a macaúba.
Nesta segunda fase, com investimento muito grande em inovação e tecnologia, se prevê a domesticação da macaúba, ou seja, produção de sementes e mudas de alta qualidade. Já foi comprada a propriedade e iniciada a implementação de um centro de inovação em Montes Claros, em Minas Gerais. Haverá um viveiro de sementes e mudas, e serão transportadas para fazendas em quatro ou cinco hubs, em regiões de terras degradadas na Bahia e potencialmente no Norte de Minas Gerais. A macaúba demora uns quatro anos para permitir produção, e com isso vamos gradualmente alimentando a biorrefinaria. Já fizemos testes com a planta, sem ter nenhum problema.
Para produzir a macaúba de alto poder energético, foi montada uma rede de pesquisas com universidades nacionais e internacionais, como o Instituto Fraunhofer, na Alemanha, a Universidade Cornell, nos Estados Unidos, e a UC Davis, da Califórnia. A produção vai ser toda certificada, do frutinho até o combustível.
E as conversas com a Petrobras estão avançadas, pois o Mubadala propôs “a “formalização de discussões recentes sobre a formação de potencial parceria estratégica para o desenvolvimento do downstream no Brasil”. Dessa forma, a Petrobras “avaliará a aquisição de participação acionária” e investimentos futuros conjuntos na Refinaria de Mataripe e na Acelen Energia Renovável.
Foto: Sérgio Zacchi/ Acelen