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HERDEIRA DA L’ORÉAL É A 1ª MULHER COM MAIS DE US$ 100 BI

João Paulo - 30/12/2023 16:00

Françoise Bettencourt Meyers se tornou a primeira mulher cuja fortuna rompeu a barreira dos US$ 100 bilhões — ainda que brevemente —, em mais um marco para a herdeira da L’Oréal e para a indústria de moda e cosméticos da França. De acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg, ontem a fortuna de Françoise atingiu US$ 100 bilhões, graças ao patamar recorde das ações da L’Oréal. Os papéis da gigante global de beleza encerraram ontem cotados a € 451,30 na Bolsa de Paris e acumulam valorização de 35% no ano.

Apesar disso, sua fortuna ainda está bem abaixo daquela registrada por seu compatriota Bernard Arnault, fundador do império de luxo LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton, o segundo do ranking, com US$ 179 bilhões. O primeiro da lista é Elon Musk, dono de Tesla, Starlink e X, com US$ 238 bilhões. Françoise está na 12ª posição do índice, logo atrás do magnata mexicano Carlos Slim, com US$ 104 bilhões. Ele foi o primeiro latino-americano do ranking a ter mais de US$ 100 bilhões.

Françoise, de 70 anos, é vice-presidente do Conselho de Administração da L’Oréal, uma empresa com valor de mercado de € 241 bilhões (US$ 268 bilhões). Ela e sua família são os principais acionistas, com uma fatia de quase 35%. Seus filhos, Jean-Victor e Nicolas Meyers, fazem parte da diretoria, assim como seu marido, Jean-Pierre Meyers. Eles se casaram em 1984.

Há décadas comandada por executivos de fora da família, a L’Oréal foi fundada em 1909 pelo avô de Françoise, Eugene Schueller. Ele era químico e criou a empresa para vender uma tinta de cabelo que havia desenvolvido. Reclusa, Françoise mantém sua vida fora dos holofotes, evitando os eventos sociais que tanto atraem os endinheirados. Ela já escreveu dois livros — um estudo sobre a Bíblia, em cinco volumes, e uma genealogia dos deuses gregos — e toca piano durante horas, todos os dias.

Filha única de André e Liliane Bettencourt, Françoise tornou-se a mulher mais rica do mundo após a morte de sua mãe, em 2017 (seu pai havia morrido dez anos antes). As duas, no entanto, tinham uma relação complicada. Em dezembro de 2007, pouco depois da morte de seu pai, Françoise entrou com uma ação contra o fotógrafo François-Marie Banier, acusando-o de aproveitar-se financeiramente de Liliane.

A longa batalha judicial acabou se transformando em um escândalo político, após a revelação de conversas gravadas secretamente pelo mordomo da mansão de Liliane, e Françoise pôs em dúvida a capacidade de sua mãe de administrar os bens da família. O caso foi retratado em um documentário lançado no mês passado pela Netflix, “A bilionária, o mordomo e o namorado”.

A L’Oréal chegou a ser fortemente afetada pela pandemia, já que, isoladas em casa, as pessoas não compravam maquiagem. No pós-pandemia, no entanto, os consumidores foram atrás do tempo perdido, o que beneficiou as indústrias de cosméticos, moda e itens de luxo. Em abril, a L’Oréal comprou da brasileira Natura a marca australiana Aesop, por US$ 2,5 bilhões. Foi a maior aquisição feita por uma empresa francesa do setor de cosméticos.

O analista Brett Cooper, da consultoria Consumer Edge Research, estima que as ações da L’Oréal podem subir em torno de 12% em 2024, já que sua gama de produtos e diversidade geográfica mostram resiliência. (*Com agências internacionais)

 

Foto: Francois Guillot/AFP

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