O IPCA-15, conhecido como ‘prévia da inflação’ subiu 0,40% em dezembro ante novembro. O resultado ficou (bem) acima da mediana das expectativas, já que a projeção mediana de 31 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data apontava para uma alta de 0,26%. O lado positivo é que o indicador encerra 2023 com alta de 4,72%. Como a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano foi de 3,25%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, isso significa que o limite tolerado para a inflação em 2023 é de 4,75%.
Embora essa definição seja dada para o indicador oficial de inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o fato de o IPCA-15 ter ficado dentro desse intervalo, com uma alta de 4,72% no ano, pode ser um indício de que a inflação está sob controle e, portanto, pode compensar o eventual “mau humor” trazido por uma aceleração forte do indicador em dezembro. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete registraram alta em dezembro. A maior variação e o maior impacto vieram do grupo de “Transportes”, com avanço de 0,77% e impacto de 0,16 ponto percentual. Os grupos “Alimentação e bebidas” e “Habitação” também registraram alta, com avanço de 0,54% e 0,48%, respectivamente. As demais variações ficaram entre a queda de 0,46% de Comunicação e a alta 0,56% de Despesas Pessoais.
A alta dos preços acima do esperado não impacta apenas o consumidor na hora de fazer suas compras, mas também os investimentos. Isso porque o momento atual é de queda da Selic, a taxa básica de juros. A trajetória de cortes começou em agosto deste ano após o Banco Central concluir que o cenário era positivo para isso (ou seja, com inflação dentro do controle). Desde então, as quedas têm sido de 0,5 ponto percentual.
Agora, o mercado espera uma aceleração nesses cortes. Embora mantenha um discurso mais conservador, de “esperar para ver”, o Banco Central vem mostrando uma disposição (ainda que discreta) para que isso aconteça. Ontem, por exemplo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que gostaria de entregar os juros “no patamar mais baixo possível” em 2024. No entanto, isso depende justamente de uma inflação sob controle. Se por um lado o IPCA-15 acende um alerta ao vir (bem) mais forte do que o esperado em dezembro, por outro ele traz um “acalento” ao ficar dentro do intervalo da meta que o BC colocou para o IPCA.
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