O desempenho da indústria baiana em 2024 será tímido, um pouco inferior ao da indústria nacional, com crescimento abaixo de 1%, segundo projeção da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB). A expectativa foi divulgada nesta quinta-feira, 21 de dezembro, em coletiva de imprensa realizada na sede da instituição, onde foram apresentadas as perspectivas econômicas para o próximo ano.
Por ser em grande parte produtor de bens tradable, ou seja, relacionados com o comércio exterior e que dependem da formação do preço internacional, o setor industrial baiano será impactado pelo cenário econômico internacional pouco favorável. A guerra da Ucrânia e o conflito entre Israel e Hamas são fatores devem influenciar negativamente o segmento de Refino de petróleo, por exemplo, que tem grande peso na indústria de transformação baiana.
Outro segmento importante que deve seguir em baixa em 2024 é a Petroquímica, que enfrenta um cenário de baixos preços internacionais e problemas de competitividade da produção interna, com altos custos das matérias-primas e baixos preços das resinas no mercado doméstico. “Mesmo com o retorno do Regime Especial da Indústria Química (REIQ) e com medidas para reduzir as importações, o segmento seguirá em baixa. Também tem expectativa de uma solução para a fábrica de fertilizantes Unigel Agro/Fafen”, pontua o presidente da FIEB, Carlos Henrique Passos.
Ainda sobre o cenário internacional, a redução do crescimento da China também vai impactar o desempenho da indústria baiana, em especial o segmento de Celulose, que tem o mercado chinês como maior parceiro comercial.
Cenário nacional influencia positivamente
No cenário nacional, a estimativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) apresente crescimento de 1,7%, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). “A taxa de juros ainda elevada e incertezas fiscais são pontos de atenção que podem afetar a indústria baiana, por conta de sua forte correlação com o desempenho da economia brasileira”, pontuou o superintendente da FIEB, Vladson Menezes. Apesar do ritmo de expansão menor, esse avanço beneficia segmentos como o de Alimentação, que tende a seguir o desempenho da economia nacional.
O gestor ressalta, ainda, que o segmento industrial com cenário mais favorável para 2024 é a Construção Civil, que tem perspectiva de crescimento da atividade imobiliária, com a queda das taxas de juros, a evolução do Programa Minha Casa, Minha Vida, além do avanço das obras de infraestrutura por conta do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Indústria de transformação sofrerá queda em 2023
Em 2023, a indústria de transformação baiana deve apresentar queda de 2,0%, mais acentuada que a indústria nacional, que deve recuar 0,7%. O resultado do setor deve-se principalmente ao desempenho negativo dos segmentos da petroquímica (-9,7%, no acumulado do ano até outubro), do refino (-1,8%), e em menor grau, ao segmento de celulose (-6,5%). Em contrapartida, influenciam positivamente os resultados dos segmentos de alimentos (12,8%), bebidas (1,9%) e calçados (6,8%).
Emprego segue em crescimento
Assim como no Brasil, o mercado de trabalho da Bahia vem dando sinais positivos, com recuo da taxa de desemprego e geração de saldos positivos de postos de trabalho. De janeiro a outubro deste ano o estado registrou saldo positivo de 82,5 mil empregos, de acordo com dados do Novo Caged (Ministério do Trabalho e Emprego).
Em relação à indústria baiana, os empregos formais gerados pelo setor devem fechar 2023 no maior patamar da série histórica, com crescimento de cerca de 4,3%, puxado pela Construção Civil e pela indústria de Alimentos, segundo dados da RAIS/Caged (Ministério do Trabalho e Emprego). Para 2024, a expectativa é que a geração de empregos formais siga em crescimento, porém em ritmo menos acentuado.
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