O Bahia teve uma noite histórica ao golear o Atlético-MG, por 4 a 1, nesta quarta-feira, e garantir a permanência na Primeira Divisão. Na Arena Fonte Nova, o Tricolor dominou o embalado adversário do início ao fim e contou com gols de Cauly, Luciano Juba, Thaciano e Ademir para vencer com autoridade (assista abaixo aos melhores momentos).
Em campo, o Bahia teve uma atuação impecável. Apesar do sistema com três zagueiros de origem, o Tricolor foi mais agressivo que o adversário e venceu com autoridade. Antes desolado por causa dos resultados ruins, Ceni pode comemorar aliviado a partir de agora, e a torcida foi fundamental para isso.
– Eu? Muito. Quando me chamaram eu tinha 16 jogos. Olhei a tabela, vi o elenco, e fiz as contas que dava para chegar nos 43 pontos. Nas minhas contas, contra São Paulo e América seriam quatro pontos. Ficou então tudo para o último dia. Eu estava bem cabisbaixo. Até os atletas falaram comigo. Eu também sou humano. É natural depois de uma derrota. Mas conseguimos reagir e fazer uma vitória contra a melhor equipe do segundo turno. Não vamos esquecer do que erramos, que é importante, mas vamos valorizar os acertos. Quero falar do público também. Hoje não batemos 30 mil, né?! Foram 27, mas com uma energia incrível. Em nenhum momento houve uma vaia. Foram caras que vieram o jogo, parecia que tinha 45 mil. Mantiveram o Bahia lá no topo. Foram parte muito grande em todos os jogos.
O treinador aproveitou para lembrar que contou com o apoio de jogadores e do próprio CEO do Grupo City, Ferran Soriano. Uma ligação do dirigente, um dia antes da partida contra o Galo, foi importante para o técnico.
– Foi uma ajuda mútua dos jogadores. Na segunda-feira eles falaram comigo: “Precisamos de você”. Na terça-feira eu fiz o movimento trocado. Ontem [terça-feira], o Ferran me ligou, ele me perguntou como eu estava, falei que estava triste e chateado. Ele falou que a tristeza tem que durar 24h, e disse que, independente de onde a gente acabe, que ele queria que eu continuasse o projeto, na Série A ou B. Isso faz diferença. É muito importante ter o suporte e apoio das pessoas. O Bahia é um clube de massa, esse é o principal ponto para você escrever uma história. Que o Bahia continue crescendo mais, chegando na Sul-Americana, na Libertadores. Não sei até quando vamos ficar aqui, mas quero dizer que fiz parte da construção de um clube que já era gigante, bicampeão brasileiro. Não esqueço tudo de ruim e errado que aconteceu, é importante ser lembrado isso para diminuir o número de erros para o próximo ano.
Ceni também mostrou que está adaptado ao Tricolor e sua cultura, citando a famosa mística de do clube de decidir no final. Desta vez, o Bahia deixou para o último jogo a confirmação da permanência na elite. O técnico ainda agradeceu ao CEO do Bahia/SAF, Raul Aguirre, e ao diretor de futebol Carlos Santoro, que também o apoiaram nos momentos ruins.
– Eu acho que o Bahia tem aquela mística do, fim né?! Do eterno gol de Raudinei, né?! Acho que isso fez parte de nossa essência. Foram 90 minutos que valeram um ano. No dia que eu cheguei aqui eu falei que o Bahia vai surpreender muita gente em poucos anos. Seria um regresso muito grande voltar para a Série B. Perderíamos dois anos. Mas sobrevivemos ao ano zero. Não podemos desistir nunca, isso é uma coisa que eu levo. Outra coisa é que temos que nos preparar melhor para não repetir isso. Quero agradecer também dois caras que quase não falam, que são o Raul e o Cadu. São caras que sempre me trataram bem. Na derrota contra o Coritiba e na derrota para o América, sempre me trataram igual. Nunca mudaram o jeito de ser. Eu sei, pelas diretrizes do grupo, que o Cadu fala muito pouco. São caras do bem, corretos, e tenho certeza que vão fazer o Bahia crescer. Queria falar isso porque é o primeiro lugar que eu trabalho que os caras olham para mim no triunfo e na derrota e me tratam da mesma maneira.
Para confirmar a permanência na elite, o Bahia conseguiu superar três jogos seguidos sem vencer e uma derrota diante do América-MG, lanterna do Brasileirão e já rebaixado. De acordo com Ceni, o Tricolor teve calma para construir a goleada desta noite.
– Não acho que a gente fez um jogo ruim contra o América. Criamos 12 oportunidades. A gente recebe um relatório de Manchester depois de todos os jogos. Aquele foi o jogo com mais chances criadas em todo o Campeonato. Acho que a derrota para o São Paulo nos pressionou muito. Todos ficaram muito abatidos. Hoje fizemos um bom jogo, tivemos frieza e calma. E também a competência do Fortaleza que nos ajudou a terminar fora da zona de rebaixamento. Quando foi apresentado no Bahia, Ceni afirmou que o objetivo principal era a permanência na Série A para que o time pudesse crescer ainda mais 2024. Mesmo diante de tanto sofrimento, a missão foi cumprida. Agora, resta ao treinador preparar a equipe de olho no ano que vem. A primeira missão será no dia 17 de janeiro, às 21h30 (horário de Brasília), contra o Jequié, pela primeira rodada do Campeonato Baiano. Ele já adiantou que o planejamento terá início nos próximos dias.
Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia