Descarbonização, circularidade, equidade, conformidade, ética e licença social são conceitos que estão se tornando tão importantes no dia a dia das empresas quanto produtividade, retorno e lucro. Como um reflexo deste amadurecimento, o 14º Prêmio Indústria Baiana Sustentável ampliou em 36% o número de participantes, em relação à última edição, realizada em 2021. E no caso das micro e pequenas indústrias, o crescimento é ainda maior, de 150%.
Este ano, 64 empresas inscreveram 94 projetos, que impactaram diretamente a vida de 1,5 milhão de pessoas, geraram uma renda total de R$ 16 milhões e receberam um investimento total de R$ 116,5 milhões. Além disso, os projetos que disputam o reconhecimento em cinco modalidades contribuíram com o plantio de 352 mil mudas, uma redução de 200 mil toneladas na geração de resíduos, permitiram a economia de 590 mil litros de água, além de ajudar a evitar a emissão de 600 mil toneladas de gás carbônico.
Quando as empresas vencedoras da edição atual do prêmio forem conhecidas, amanhã, a partir das 13h30, na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), no Stiep, toda a indústria baiana tera muitos motivos para comemorar, acredita Arlinda Negreiros, gerente de Meio Ambiente e Responsabilidade Social da Fieb. “Nós preparamos uma publicação com todos os 94 cases, porque reconhecemos os esforços de todos, mas também porque este material com um conjunto de boas práticas pode inspirar e apresentar soluções para outras empresas”, acredita.
Segundo Arlinda, a indústria vem amadurecendo no sentido de ter uma atuação cada vez mais sustentável, seguindo o significado mais amplo da expressão. Existe uma pressão social para por atuações cada vez mais responsáveis socialmente e ambientalmente, acredita. “O que aconteceu nas últimas décadas foi que a atividade produtiva não trouxe apenas benefícios. Gerou empregos, renda, mas também trouxe um passivo”, lembra. “O que se percebe é que cada vez mais existe uma demanda mundial, e o Brasil está dentro deste contexto, por processos produtivos sustentáveis”, destaca.
De acordo com a gerente de Meio Ambiente e Responsabilidade Social da Fieb, o prêmio oferecido pela federação sempre trabalhou com a visão mais completa de desenvolvimento sustentável, considerando também critérios de governança, antes mesmo que o conceito ESG (que engloba sustentabilidade ambiental, social e na gestão) entrasse na agenda do setor produtivo.
“A gente sempre pensou na sustentabilidade pautada em três pilares. De 2005 para cá, houve uma evolução em fóruns globais, com a discussão sobre o ESG e um entendimento da linguagem de investidores, cobrando uma postura responsável”, lembra. “O ESG exala de forma mais evidente a questão da governança, o que é muito importante, porque se não há um comprometimento da direção da empresa, dificilmente isso vai se mostrar no restante dela”, defende.
Arlinda credita a este foco para o ESG o aumento no número de inscrições de empresas e também na quantidade de projetos apresentados. “Este crescimento de quase 40% nas inscrições claramente indica que a indústria está implementando mais ações com este enfoque e entendendo a importância disso”, defende gerente de Meio Ambiente e Responsabilidade Social da Fieb. “Quando avançamos na questão da governança, conseguimos melhoras em diversos outros aspectos, porque aí entram questões como código de ética, compliance, mudam as relações com os fornecedores e surgem cada vez mais práticas de transparência”, enumera.
A premiação foi definida com quatro modalidades voltadas para a indústria, uma voltada para as micro e pequenas empresas; outra para práticas de gestão sustentável; práticas de responsabilidade empresarial; e, por fim, a que reconhece tecnologias sustentáveis e ESG. Além destas, uma modalidade irá premiar trabalhos acadêmicos e de institutos de pesquisa com foco em inovações tecnológicas sustentáveis.
“O que este prêmio traz de mais importante é a demonstração da importância de adotar práticas e motivar quem ainda não está neste processo a investir nele”, acredita. “Quando uma empresa demonstra um processo que consome menos água, ou que reduz um determinado impacto, outras empresas podem ser alertadas a utilizar a mesma tecnologia”, destaca gerente de Meio Ambiente e Responsabilidade Social da Fieb.
Arlinda Negreiros destaca a importância de mensurar os resultados das ações de sustentabilidade realizadas pelas empresas. “Quando se cria uma cultura de medir, estimulamos ações efetivas para a sociedade e o meio ambiente”, defende. “Este prêmio é bienal e é uma iniciativa das próprias indústrias, são elas que patrocinam o prêmio, nós da federação nos sentimos muito felizes em organizar, mas é uma iniciativa delas”, diz.
O corpo de jurados que escolhe os vencedores é composto por representantes do Ministério Público, de universidades, de orgãos públicos e ONGs. “A ideia é que seja um julgamento da sociedade. Não é a indústria falando bem de si própria, existe uma representatividade”, afirma.
Crédito: Valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB