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FESTIVAL SALVADOR CAPITAL AFRO COMEÇA HOJE E REÚNE TALENTOS NEGROS PARA APRESENTAÇÕES MUSICAIS

João Paulo - 22/11/2023 08:40 - Atualizado 22/11/2023

Nesta quarta-feira  (22) até  dia 25 de novembro, todos os caminhos levam ao Festival Salvador Capital Afro, com uma programação que apresenta painéis, rodadas de negócios, oficinas e showcases. Nas três primeiras noites, a partir das 17h, o pátio do Espaço Cultural da Barroquinha será palco para as performances musicais de diferentes artistas negros baianos.

Serão dez apresentações de artistas da cena musical preta da cidade, selecionados após a curadoria que analisou as inscrições para as rodadas de negócios do festival. Além do público, que poderá curtir gratuitamente, curadores de festivais, contratantes, representantes de casas de shows e organizações culturais nacionais e internacionais irão prestigiar as apresentações. O objetivo é impulsionar as carreiras e revelar potenciais de artistas negros com um trabalho sólido e pronto para circular.

“Preciso ainda demarcar o impacto que esse conjunto de entregas causa nas narrativas, no consumo e no estímulo ao protagonismo de pessoas negras quando colocamos no centro o seu  potencial de criação, produção e circulação. Poderia dizer que isso não tem preço, mas tem, e precisamos falar sobre isso o tempo inteiro, porque além de preço, temos valor. E muito!”, declara Maylla Pita, diretora de Cultura da Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador.

A programação é diversa e, no primeiro dia (22), terá MPB, samba, jazz e afrobeat, com shows das cantoras e compositoras Jann Souza, Aline Souza e Vanessa Melo e da banda IFÁ, no Pátio da Barroquinha. Na quinta-feira (23), afrobeats, RAP e dancehall invadem o palco, com Ayana Amorim, Pretos do Bairro e o coletivo Ministereo Público. Na sexta (24), o pagotrap de Vittor Adél, o pagode da drag queen Nininha e o trap do multiartista Vírus entram em cena para fechar a noite do festival.

Saiba mais sobre os artistas

ALINE SOUZA – Cantora preta baiana, Aline canta desde os três anos de idade, mas foi no samba que se sentiu acolhida. Herdou do pai o dom da música e hoje faz disso seu norte. Com uma voz inconfundível, ela ama cantar as músicas autorais que vêm ganhando os corações dos sambistas e pagodeiros de Salvador.

AYANA AMORIM – Multiartista que utiliza diversas linguagens, mostrando as potências de sua corporeidade como corpo político, ocupando espaços de forma poética, musical e teatral englobando características que afirmam sua re-existência enquanto artista e mulher negra. Com uma voz ancestral traz sua baianidade em suas pesquisas artísticas  e musicalidade.

IFÁ – Criado em 2013, o grupo IFÁ, cujo nome representa o oráculo africano e a sigla para junção inventiva entre ijexá, funk e afrobeat, integra um movimento que vem ressignificando o cenário da música instrumental baiana. Mergulhando no universo da música negra transnacional e no ritmo do ijexá, dos blocos afro e afoxés da Bahia, o grupo reforça a importância da música como elo histórico entre as culturas negras da diáspora, fazendo do seu discurso um manifesto de afirmação estética. Partindo da fórmula instrumental da música negra diaspórica, o IFÁ apresenta repertório autoral inspirado na diversidade musical de matrizes africanas e suas conexões com a Bahia contemporânea.

JANN SOUZA – Cantora, compositora e musicista da NOVA MPB, com 9 anos de carreira. Em seus shows, apresenta músicas autorais e releituras. Suas principais músicas de trabalho são “Passarinho”, “Tudo Odara”, “Moça” e “Poder Ancestral”. Foi a vencedora do Festival de Música “Viva Sua Voz” da Globo FM em 2019 e do Festival FacomSOM. Em 2022, ficou em terceiro lugar na categoria Música Mais Votada pelo Público pelo Festival Educadora FM.

MINISTEREO PÚBLICO – Formado atualmente pelos DJs Raiz, Pureza e o Dubmaster Regivan Santa Bárbara, Ministereo Público Sound System tem 18 anos de atuação. Referenciado em uma das mais sólidas tradições propagadas no mundo, surgida na Jamaica nos anos 1950, é o primeiro sound system da Bahia. Criado por um grupo de amigos DJs, amantes do reggae e com ambições de alimentar um movimento que os representasse no cenário musical independente da cidade, tem uma formação diferenciada, em que o técnico de som sobe ao palco juntamente com os DJs.

NININHA – Criada pelo multiartista Digo Santtos, Nininha Problemática é uma drag queen que se apresenta como um manifesto de liberdade artística, retratando em sua arte a liberdade de ser quem se é, apoiada pela estética das mulheres negras, soteropolitanas e periféricas. Originária da periferia de Sete de Abril, em Salvador, Nininha surgiu como a primeira drag do pagode baiano, destacando-se por sua versatilidade e por quebrar paradigmas. Com o lançamento de seu segundo EP, intitulado PAGODRAG, Nininha reivindica para si dois aspectos fundamentais de sua identidade: o pagode baiano, como o ritmo principal de suas músicas e composições, e a afirmação de sua identidade drag, como artista LGBTQIAPN+.

PRETOS DO BAIRRO – Diretamente do gueto mais progressivo da cidade de Salvador – o Candeal – o grupo estabelece dinâmicas de construção musical como forma de devolver o conhecimento para periferia, valorizando a riqueza cultural de suas origens. Na estética musical, o encontro do tambor, da guitarra e do pensamento crítico, além de referências ao rock com samba reggae, ao reggae jamaicano com a percussão afrobaiana e letras que dialogam com a realidade social dos guetos.

VANESSA MELO – Clarinetista graduada pela UFBA e cantora. Iniciou seus estudos musicais na Sociedade Filarmônica Oficina de Frevos e Dobrados, sob a regência do maestro Fred Dantas. Fez curso técnico de música no Colégio Deputado Manoel Novaes e atuou por sete anos, como clarinetista e monitora de educação musical, no projeto NEOJIBA. Em 2013, deu início à carreira de cantora, realizando apresentações em Salvador e Europa. Fez parte dos projetos Orquestra de Pandeiros, Pradarrum, Sonora Amaralina, entre outros. Estreou no carnaval de 2015 no palco principal do Pelourinho, ao lado de Tote Gira e Lazzo Matumbi, no projeto Batuques do Coração, cantando as tradições do samba baiano.

VÍRUS – Vírus Carinhoso é um artista transdisciplinar brasileiro nascido em Salvador, Bahia. Seu trabalho pesquisa as potencialidades das artes contemporâneas permeado pelo canto, dança e performance, expressões que transitam pelo seu poder inventivo. Em 2022 lançou seu primeiro álbum de carreira, o VRS – Vírus Real Style. Em 2023, lançou o curta-metragem SANKOFA. Vírus traz em sua arte, questionamentos de uma contra cultura dissidente da sociedade atual tendo seu corpo como principal objeto e ferramenta de expressão artística.

VITTOR ADÉL – Cantor, dançarino, ator, dono de um estilo próprio e irreverente, Vittor Adél é integrante do Coletivo Afrobapho e utiliza o pagodão baiano para exaltar a força, vivências e afetos das bixas pretas potencializando narrativas negras e LGBTQIAPN+ enquanto saboreia musicalidades afrodiaspóricas como RAP, house music e R&B. Após o lançamento de seu hit “Laranjada”, recentemente lançou a parceria “Entre Amigos RMX” com a cantora Neftara, rendendo mais de 12 mil streams no Spotify e 2 playlists editoriais da plataforma, além do single promocional “De Novo”, em parceria com o equipamento cultural Casa do Carnaval da Bahia + Coletivo Afrobapho com um video-dance no Instagram em favor à diversidade nos carnavais da Bahia atingindo mais de 24 mil visualizações na plataforma.

Sobre o Festival Salvador Capital Afro

Considerado um grande marco do Salvador Capital Afro – movimento que busca projetar a cidade como destino em referência nacional e internacional no Afroturismo -, o festival será totalmente gratuito e está previsto para acontecer de 22 a 25 de novembro, no Quarteirão das Artes, na Barroquinha. O evento reunirá diversas atividades voltadas para valorização e fomento da economia criativa preta da cidade, assim como para estímulo ao desenvolvimento de políticas públicas necessárias para o posicionamento de Salvador como uma cidade antirracista. Apontado como um ecossistema capaz de reunir uma diversidade de público e interesses, por meio de quatro pilares – político, econômico, educacional e cultural – o evento também é visto como uma base de transformação social, cujo foco é capacitar pessoas, mobilizar negócios e envolver, de forma atrativa, toda a cadeia de afroempreendedores.

O Festival Salvador Capital Afro é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Salvador, através da Secretaria de Cultura e Turismo (SECULT), no âmbito do PRODETUR Salvador, em parceria com a Secretaria da Reparação (SEMUR), e faz parte do Plano de Desenvolvimento do Afroturismo da cidade. O projeto tem financiamento do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento e conta com a parceria de GOL Smiles e Americanas.

Foto: divulgação

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