No estado da Bahia, o número de negros no ensino superior mais do que dobrou entre 2012 e 2022, saltando de 412,2 mil para 845,1 mil, um aumento de 105%. No entanto, esse avanço, em uma década, não foi suficiente para romper as barreiras forçadas pelo racismo, que dificultam a entrada dessa população no mercado de trabalho.
As desigualdades entre os trabalhadores baianos é tema da pesquisa “Mercado de Trabalho para a População Negra na Bahia”, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em parceria com as secretarias estaduais de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e de Emprego, Trabalho e Renda (Setre). A pesquisa inédita aponta que a utilização do sistema de cotas nas universidades causou um efeito positivo na escolaridade de negros na Bahia.
Em 2012 a quantidade de negros no ensino superior era de 3,6%, a Lei de Cotas (12.711/2012) colaborou para que a taxa mais do que dobrasse, atingindo 6,9% no ano passado. Apesar disso, o percentual de pessoas brancas é maior nas universidades: 12%. Para Ana Georgina Dias, supervisora do Dieese na Bahia, os dados mostram que a qualificação não é o único impedimento para a inserção de negros no mercado de trabalho formal.
“Mesmo com os avanços, ainda existem mais negros com ensino superior e médio completo desempregados do que brancos. Isso significa que a maior política pública de geração de emprego e renda para a população negra é o combate ao racismo”, defende Ana Georgina. De acordo com o estudo, a taxa de desocupação entre os negros é de 15,5% na Bahia, contra 12,8% entre os não negros (brancos, amarelos e indígenas).
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Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil